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X Congresso de Parteiras Tradicionais

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X Congresso de Parteiras Tradicionais
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Vaquinha criada em: 20/07/2015

SÍNTESE

Este congresso busca resgatar e documentar através de um inventário cultural, a tradição e as expressões culturais das parteiras tradicionais rurais, indígenas, quilombolas no Brasil e também do México Argentina Chile Colômbia e África (serão realizadas 300 entrevistas no decorrer do congresso), este inventário será publicado em forma de livro, DVD e no portal interativo na rede mundial de computadores ao final do congresso, além do inventário das parteiras participantes; serão realizadas no decorrer do congresso: oficinas, mesas-redondas, palestras, intercâmbios entre as parteiras (rurais, indígenas, quilombolas e as parteiras urbanas formadas na tradição), cerimoniais ritualísticas e apresentações artísticas culturais.

INTRODUÇÃO

O ato de parir é biológico, fisiológico e natural, mas também social e familiar; moldado pela história, pela cultura e pela tradição. O Parto Tradicional, herança ancestral, permite a interação social, conta a história de um povo; reforça suas crenças, expõe suas emoções, define suas relações sociais e reafirma a identidade sociocultural coletiva; este sistema de pertinências e significados se manifesta no parto. Assim o modo como se nasce; o local onde se nasce; a prática na forma de dar à luz e nascer e quem atende o parto é tão importante quanto o próprio ato de nascer, passando a integrar a memória sociocultural de uma família e de uma comunidade.

Em um contexto antropológico o modo de partejar explica e é explicado pelas manifestações culturais e sociais, servindo como reflexo de uma época. Nenhum nascimento é neutro. O ato de nascer atende a uma função orgânica e social (de manutenção da espécie). Já o partejar é um ato cultural, pois se constitui de atitudes, ligadas as crenças, costumes, protocolos, condutas e situações. Um Parto evoca a memória e desperta lembranças da ancestralidade. Este contexto simbólico, é que nos alerta para a necessidade e para a importância da preservação do “saber fazer” do parto tradicional, da manutenção e transmissão continuada do conhecimento adquirido por nossos antepassados, pois assim fortalecemos a identidade, a cultura e as práticas de um patrimônio cultural imaterial. Este conhecimento, se não registrado, pode se perder; privando as gerações futuras de conhecer este passado, negando-lhes a sua história, cortando suas raízes. A parteira tradicional reflete o ambiente social e cultural em que está inserida, o microcosmo de uma comunidade, a imagem deste grupo. Temos neste ambiente os investimentos afetivos, simbólicos, estéticos, sociais e familiares de um povo.

Estes “saberes ancestrais” do partejar tradicional se preservados, sistematizados e repassados para as gerações vindouras, levam consigo a identidade, a tradição e a ancestralidade de toda uma população. Sabemos que a cultura tradicional da gestação e do parto, sofre alterações, em termos de acréscimos, substituições e abstrações, com o decorrer do tempo; visto que, as práticas do nascer são também ditadas pelo momento presente, sem, contudo, se desvincular das regras culturais engendradas na sociedade, no grupo social ou na família; Assim como na antropofagia cultural oswaldiana, no parto tradicional também ocorre a devoração cultural das técnicas importadas para reelaborá-las com autonomia, sendo esta antropofagia cultural tradição/modernidade ou passado/presente que configura o parto tradicional como um elemento de resistência de determinadas tradições, o Parto Tradicional tem sua âncora no passado, seus pés no presente e seu olhar no futuro. Nesse sentido, as parteiras são receptáculos dos paradigmas do nascer, da cultura e da identidade de toda criança que ela recebe no momento do parto.

Mais do que as “técnicas”, essas maneiras de “atender o parto” estão relacionadas aos significados atribuídos aos nascimentos e ao ato do nascer, dado pelo grupo social em que se está inserido; este parto é também um ato de perpetuação e assimilação sociocultural. O Partejar Tradicional implica em um sentimento de pertencimento e consciência do indivíduo e do grupo social, ao introduzir um novo membro a este grupo amplia e modifica sua estrutura, esta modificação não é só de amplitude, mas de estado e sentido. Este é um sistema simbólico, que permite ao indivíduo a compreensão da sociedade em que se está inserido. O “lócus” do partejar de uma população é criado simbolicamente de acordo com um processo histórico, articulando elementos tradicionais e modernos, que o torna particular, singular e reconhecível.

As formas do nascer (hospitalar, humanizado ou tradicional) implicam em modos de percepção e expressão do indivíduo em relação a uma determinada cultura ou sociedade, tornando-se símbolo de uma identidade (atribuída e reivindicada) através da qual as pessoas se orientam; se reconhecem e se distinguem.

OBJETIVO

Promover o encontro das parteiras tradicionais rurais, negras, indígenas e quilombolas brasileiras e internacionais entre si e com as parteiras urbanas formadas na tradição para que possam ensinar com sua experiência e aprender com a experiência do outro, repassando suas tradições, garantindo assim a perpetuação deste conhecimento ancestral.

JUSTIFICATIVA

O parto nas últimas décadas se transformou em um “negócio”, algo a ser comercializado e que necessariamente deve gerar lucro, que envolve estabelecimentos comerciais (hospitais, clínicas, laboratórios) e profissionais (médicos, enfermeiros, técnicos da área de saúde). Essa estrutura foi criada, pelo processo de colonização cultural do pós-guerra, com a necessidade da criação de novos mercados consumidores para a indústria estadunidense de remédios e equipamentos hospitalares.

Não desconsideramos a importância de tais equipamentos, profissionais e remédios, porém não associamos o parto a doença ou a exceção, e sim a saúde e a normalidade. Pois sabemos que os partos de risco e que realmente precisam do ambiente hospitalar, com seus equipamentos, profissionais e procedimentos, são a exceção e não a regra, e apenas a exceção deve utilizá-los, com isso nós concordamos e incentivamos.

Este congresso é um esforço no sentido de realização do resgate, a revitalização e o repasse da cultura imaterial do Parto Tradicional praticado pelas parteiras ancestrais, que de outro modo pode deixar de existir em diversos locais, do sertão nordestino aos pampas gaúchos, da floresta amazônica a urbanidade pasteurizada das grandes cidades. A história nos mostra que se uma determinada prática, crença, reza, canto, dança ou a utilização de uma erva não for registrado e repassado, será esquecido com o passar do tempo, empobrecendo a relação da comunidade local com sua ancestralidade, minguando a sua cultura tornando a sociedade em geral refém da medicina alopata.

Nosso ideal e nosso desafio consistem em transformar o que geralmente se considera acessório ou pitoresco (a cultura imaterial, empregando este termo em sua acepção tradicional) em fator principal do autoconhecimento e da reapropriação da história e da tradição, pelo cidadão e pela comunidade; Tradição que foi vilipendiada pela homogeneização do nascer da “indústria da cesárea”. Esta ancestralidade é fundamental para a formação da identidade cultural e social de um povo, e não deve ser condenada, de forma alguma, a uma morte lenta e gradual.

Parteiras tradicionais: cultura imaterial e patrimônio cultural

O patrimônio cultural de um povo lhe confere coesão estrutural, pressuposto básico para que se reconheça como comunidade, inspirando valores sociais e estimulando o exercício da cidadania; a partir de um lugar no espaço e da continuidade no tempo, apresentando no seu conjunto, os resultados do processo histórico e sociocultural, que proporciona ao ser humano o auto reconhecimento e a consciência de si e do ambiente que o cerca. Este patrimônio conserva a memória do que fomos e a consciência de quem somos, revela a nossa identidade, sendo constituído pela soma dos bens culturais. Tornando-se a riqueza comum que herdamos como cidadãos, transmitida de geração em geração. Nesse sentido, patrimônio cultural é todo produto da ação consciente e criativa dos homens sobre o seu meio ambiente. E isso é, sem dúvida, o que distingue as sociedades e grupos sociais uns dos outros, dando-lhes uma identidade própria; a identidade cultural.

Normalmente, quando falamos de preservação patrimonial usamos como exemplos monumentos físicos (casas, fortes, ruas, praças). Destacamos que o fato da memória estar presente no patrimônio material sem lembrar de outra coisa fundamental, que talvez seja até mais fácil de ser preservada, mas que igualmente corre o risco de desaparecer: o patrimônio imaterial. Ele é ainda mais rico, mais diversificado, presente nas festas, nas celebrações, nos saberes que fazem parte de nossa formação cultural. Tal como a preservação do patrimônio material, o patrimônio imaterial tem funções culturais, sociais e históricas. Ele pode ser a marca de uma comunidade, um aspecto importante da sua identidade coletiva.

As práticas do partejar de um povo é fator de diferenciação cultural, pois reflete a tradição, a cultura, a religiosidade, as preferências, identificações e discriminações de uma determinada comunidade. O modo como uma pessoa nasce possui um significado simbólico para cada sociedade, e para cada cultura. Tornando o ato do nascimento não apenas biológico, mas social e cultural. Destaca as diferenças, as semelhanças, as crenças e a classe social a que se pertence. O nascimento evoca a memória ancestral, e opera muito fortemente no imaginário de cada pessoa. Através do nascimento, é possível visualizar e sentir tradições que não são ditas.

Os projetos sobre cultura imaterial, focados na cultura do nascimento e do partejar tradicional, devem tratar da dinâmica de uma Santa Aliança composta pela tríade ancestralidade, tradição e identidade, fazendo com que o partejar seja constitutivo da identidade de um grupo, que se mantém vivo nas tradições e na memória. Nesse sentido, o partejar tradicional pode e deve ser considerado como patrimônio cultural imaterial. A identidade, a tradição e o saber fazer qualificam a prática do parto tradicional para tal, é a manifestação da memória e da história numa atividade tida como pitoresca, mas que é de fácil percepção e entendimento como parte de uma ancestralidade comum a população como um todo.

Quando uma lembrança é coletiva, podemos identificar e avaliar a intensidade do mesmo enquanto referência cultural de uma comunidade ou população, esta lembrança coletiva gera uma identidade de grupo; princípio da constituição de qualquer sociedade humana, após este reconhecimento da ancestralidade de um saber ou uma prática como bem comum, passamos a denominá-lo como patrimônio cultural. Quem nunca viu um recém-nascido e lembrou-se de outras crianças recém-nascidas, filhos, sobrinhos, afilhados? Esta lembrança trouxe outras; o sentimento naquele momento, o local, os cheiros, o sentir ou mesmo a lembrança de uma música ou o gosto de uma bebida ou uma comida. Quem nunca viu uma mulher grávida e lembrou-se de si mesma, da esposa, da filha, da irmã, da tia fulana de tal? Esta provocação aos nossos sentidos (visão, audição, tato, olfato, paladar), provoca a nossa memória, nos traz lembranças afetivas, históricas, geográficas e temporais. Deste modo, o partejar tem o poder de nos transportar rapidamente ao passado.

O parto tradicional no Brasil

Neste contexto, nosso imenso Brasil, uma terra rica e dadivosa em que se plantando tudo dá, revela práticas e saberes relativos ao gestar e do nascer que são multiculturais e multiétnicas, que vão desde tradições coloniais do Sul, das tradições dos povos negros trazidos como escravos, passando pela tradição do sertão nordestino que mescla o negro e o índio, ou a tradição indígena mística e exótica da amazônica e do pantanal. Na verdade, se há limites neste panorama eles estão postos como fios no tear cultural e antropológico do parir, onde uma quantidade de saberes indiscriminada e eclética assimila e é assimilado pelo tecido cultural de nossa terra, destacando o saber ancestral dos índios, o saber dos vários povos negros que para cá foi trazido, resultando no sincretismo religioso e das tradições do parto tradicional no Brasil. Tais contatos e simbioses revelam relações e trocas complexas de saberes e tradições, afirmadas e reafirmadas em fecunda assimilação, que redundam em uma profunda mestiçagem única da tradição do partejar brasileiro.

A cultura do nascer mostra as diferenças e similaridades entre os vários povos, a preservação e valorização da parteira tradicional, são fundamentais para a manutenção da identidade comunitária das populações. O parto tradicional tem a capacidade de comunicar aspectos identitários, geográficos, históricos e culturais de uma população, pois, ao mesmo tempo, que fornece raízes ancestrais aos habitantes de uma região, insere-os em uma dinâmica na qual se percebem parte de um grupo definido.

A cultura imaterial das parteiras tradicionais rurais

A prática do parto tradicional das parteiras rurais tem suas raízes na fusão dos saberes, africano e indígena, que gerou um terceiro saber, adaptado as necessidades e a realidade local. O ambiente do partejar e as práticas que são utilizadas no parto transcendem a figura da parteira e auxiliam na reprodução do imaginário acerca da ancestralidade. O parto tradicional torna a ancestralidade presente na atualidade social da comunidade, renovando-a e atualizando-a. As rezas; as ervas medicinais; o canto; os instrumentos; a religião e a religiosidade remetem a aspectos que caracterizam, identificam e especificam a parteira tradicional; tornando-a símbolo da identidade social (é madrinha de muitos afilhados) e cultural da comunidade em que está inserida. Contudo, destacamos que esses símbolos não são naturalmente dados, uma vez que são resultados de um processo de construção histórica e cultural. Todo estre instrumental simbólico e ancestral constroem a identidade da parteira como um elemento que preserva a tradição dos antigos e o ressignifica para o presente para que as novas gerações possam continuar se identificando se reconhecendo e preservando esta cultura.

Nesse sentido, as parteiras tradicionais são também arquétipos simbólicos de uma tradição ancestral, transformando-se em uma imagem apriorística profundamente incrustada no inconsciente coletivo; que as ultrapassa enquanto mediadoras entre o mundo daqueles que os observam e o mundo que representam, na medida em que trazem consigo um passado representado e transmitido na forma de partejar. Recorrer ao conhecimento dessas pessoas, então, insere os habitantes da comunidade num continuum espaço-temporal onde estes elementos culturais são repassados, assimilados e repactuados. As parteiras com mais idade as anciãs tornam-se uma referência desse conhecimento que remete a uma memória coletiva, uma ancestralidade comum. E é nesse sentido que, buscamos caracterizar o partejar tradicional como signo cultural, enquanto uma linguagem que traduz a história e os costumes do nosso povo. Esse passado, por sua vez, se associa à identidade tradicional, transformando-se em patrimônio cultural imaterial.

Tradição, cultura, sociedade e o mercantilismo do partejar.

Os ritos de passagem de uma sociedade (nascimento, procriação e morte) são revestidos de adornos simbólicos, suas práticas geram saberes que se transformam em tradições, essas tradições com o tempo tornam-se cultura. O modo de partejar tradicional é uma manifestação cultural de grande importância de um povo.

Contudo, por ser uma cultura viva, do dia-a-dia, acaba por sofrer modificações decorrentes das inovações tecnológicas e a introdução de instrumentos modernos, além da variação das tradições e dos costumes. As parteiras tradicionais atualmente dividem o espaço social do parto com os hospitais, médicos e remédios alopatas, sem perder suas tradições. Outro traço de modernidade é a incorporação de novos instrumentos ou técnicas, que não eram conhecidos e utilizados pelas suas mães ou avós. Temos aí, então, uma reconfiguração do “modo de fazer” que, pautado na tradição, não ignora as facilidades advindas da tecnologia. Porém com a massificação do parto hospitalar, e a desvalorização das culturas tradicionais, incluindo o partejar, muito da sabedoria do nascer tradicional está se perdendo.

Outro problema que o nascer tradicional vem sofrendo é a mudança nos hábitos do nascer da população, com a associação de parto com ambiente hospitalar, tendo o parto como algo de risco para a saúde da mãe ou da criança, sendo que essa “cultura” de se parir no hospital é historicamente recente em nossa sociedade, constituindo-se numa das imposições do mundo moderno e do capitalismo, principalmente nas capitais e grandes cidades, o imperativo econômico e a desinformação programática explicam também a “epidemia” dos partos cesarianos no Brasil. Para que se pudesse controlar o monopólio do parto por parte da indústria hospitalar, foi necessário desestruturar com o objetivo de exterminar a tradição do parto no Brasil, tendo como consequência a modificação negativa do modo como às crianças são paridas, antes eram recebidas no ambiente doméstico, com a participação da família e de toda a comunidade; este processo de desinformação programática foi tão absoluto que para a maioria da população urbana, é impensável um parto domiciliar, sem anestesia, sem médicos, sem enfermeiras e ainda por cima normal, sem ser cesárea, esta é a nova cultura do parto no Brasil, algo lucrativo e paradoxalmente prejudicial para a mãe e para a criança, são intervenções desnecessárias invasivas com prejuízos psicológicos, emocionais, social e familiar no que se refere a saúde e relações.

Com a atual mercantilização do parto, este tornou-se impessoal e com certeza não é mais comunitário, o parto é marcado (dia e hora) o ambiente hospitalar não permite a presença mais próxima nem dos familiares quanto mais da comunidade, a mulher recém operada, não pode receber muitas visitas, deste modo o parto foi deslocado da casa para o hospital, do natural-tradicional para o artificial-hospitalar, do comunitário para o privado.

Devemos observar, porém que neste processo de mercantilização e hospitalização do nascimento, o parto tradicional se mantém como um foco de resistência cultural, mas se este bastião for derrubado, esta identidade cultural se perde, e com ela a memória histórica, sociocultural e identitárias, não permitindo as futuras gerações conhecerem a cultura e a história que a formaram.

METODOLOGIA

Inventário cultural

Será realizada uma pesquisa entre as parteiras participantes sobre as os municípios em que estão inseridas, buscando saber quantas parteiras existem na região, saberes, tradições, rezas, ervas medicinais; bem como, os aspectos da cultura imaterial, histórias, folclores, festas, comidas que são oferecidas as parturientes, chás, rituais, cerimônias entre outros. E como são tratadas pelo sistema formal de saúde e cultura

O levantamento será realizado, por meio da pedagogia da oralidade, e terá o propósito de demonstrar, por meio da memória das entrevistadas que estas produzem um determinado tipo de cultura e sua inter-relação na sociedade. Os relatos da atividade das entrevistadas as situam no ambiente cotidiano da produção da cultura, é o elo entre a cultura imaterial e os bens materiais, que são os partos, seus saberes e suas práticas.

Definimos como estratégia metodológica a história Oral como modo de reavivar a memória das parteiras, sob a ótica do patrimônio cultural, baseando-nos na metodologia da entrevista semi estruturada. As parteiras tradicionais são grandes contadoras de histórias.

A pesquisa terá uma confrontação com o passado e o presente, deste modo questionará como era no passado, como se partejava, quem fazia, e como é atualmente.

Gravação do DVD e registro fotográfico

Realizar a gravação de imagem e som, para a produção do DVD com as apresentações e também o registro fotográfico de todo o evento, para que deste modo seja possível criar um arquivo audiovisual, para a memória e preservação desta cultura para as futuras gerações.

Eventos que ocorrerão durante o X Congresso

Cerimônia ritualística em memória das parteiras mortas nas fogueiras da inquisição.

Encontro nacional das parteiras tradicionais anciãs;

2º Encontro nacional da ESCTA: Escola de Saberes Cultura e Tradição Ancestral-CAIS do Parto;

2º Encontro nacional de Doulas na Tradição;

2º Encontro da Rede Internacional de Escolas de Parteiras na Tradição

Oficinas

Aprimorar e atualizar os saberes as técnicas e as práticas das parteiras tradicionais.

Tecnologias naturais no parto e nascimento. Terapias e medicinas naturais

Elementos culturais e da tradição ancestral, cerimônias e rituais, na prática das Parteiras passado e presente, regionais e internacional.

Palestras

A consciência da missão potencial das crianças da geração atual na sociedade a partir de 2040.

A voz das mestras Parteiras tradicionais na diversidade cultural e étnica para as Parteiras jovens iniciando o caminho.

25 anos do C.A.I.S. do Parto

Rede Nacional de Parteiras Tradicional do Brasil – 19 anos 

Mesa-redonda

Mesa-redonda com parteiras tradicionais de cada segmento e etnia.

Mesa-redonda com parteiras representantes e pessoas envolvidas com o parto na tradição, com o trabalho que prepara casais grávidos buscando estabelecer políticas estratégias e prioridades locais e regionais.

Mesa-redonda com convidados de setores que direta ou indiretamente tem envolvimento com os temas que compõe as práticas das Parteiras tradicionais e na tradição.

Intercâmbios

Intercambio entre os grupos nacionais e estrangeiros para troca de experiências.

Eventos culturais todos os dias.

No início de cada dia haverá uma abertura cultural energética espiritual realizado por cada grupo étnico.

Ao final de cada dia haverá um evento cultural com apresentações musicais, de dança, poesia e apresentação teatral.

Na última noite uma grande festa cultural estará encerrando o 10º Congresso Internacional de Parteiras Tradicionais, realizado pelos compadre e comadres do C.A.I.S. do Parto artistas que tiveram seus partos seus filhos e filhas com as parteiras tradicionais do C.A.I.S.

RESULTADOS ESPERADOS

Finalizar ocorrências divergentes e depreciativa entre os diferentes segmentos no universo do partejar e reafirmar a presença e atuação do partejar parir e nascer na tradição em todos os lugares representados e os lugares informados, consolidar uma definição e pratica no segmento milenar da tradição ancestral do partejar parir e nascer, propor um modelo e estratégia de estrutura orgânica em todos os espaços de atuação.

Configurar um registro oficial da linhagem das parteiras anciãs junto as organizações que realizam este congresso.

Estruturar o senso demográfico das parteiras tradicionais no território nacional

CONCLUSÃO

Existem muitas maneiras de conhecer a alma de um povo. Uma das mais fascinantes, sem dúvida, é através do seu partejar tradicional. A parteira tradicional do interior nordestino é tão presente na cultura do povo quanto o som da zabumba, do triângulo e da sanfona, o mesmo acontece com a parteira indígena, ou quilombola, elas estão profundamente inseridas na cultura de suas localidades ou regiões. Elas se inscrevem no universo mais amplo da herança cultural, esse inesgotável conjunto de valores que determinam nossa identidade.

É preciso organizar o conhecimento do partejar tradicional, que ainda existe, difuso na sociedade, e encontrar formas de transmitir esse saber de modo sistemático para a geração presente e para as futuras.

Com o foco no partejar tradicional, buscaremos junto as parteiras elaborar políticas a fim de promover o nascer dentro da tradição como um bem cultural e de que forma a patrimonialização dos seus elementos seriam uma forma de dar concretude ao um discurso que associa a identidade das populações tradicionais com seu partejar tradicional. Pensando no parto tradicional como um signo, um emblema do nosso povo, acreditamos que uma sociedade tem necessidade de preservar suas raízes e símbolos. Dessa forma, patrimonializar seria uma tentativa de não deixar com que os bens culturais ligados à do nascer tradicional se percam, acreditamos que este bem tende a se perder, caso não haja um incentivo para a sua continuidade. É nesse sentido que devemos pensar nos benefícios da sua patrimonialização, além é claro, da valorização e do reconhecimento do trabalho das mulheres que exercem esse ofício.

Neste congresso, ao abordar-se o patrimônio cultural imaterial das parteiras tradicionais e a ativação de memórias ancestrais relacionadas aos saberes e práticas do parto tradicional, poderemos identificar quem somos, nossas origens, nossa identidade; preservá-lo, revitalizá-lo e reconhecê-lo significa não esquecer das origens. Resgatar o parto tradicional, determinado por seus saberes e práticas,

Enfim, buscaremos perceber a forma como as parteiras aparecem no imaginário dos habitantes da região em que estão inseridas, enquanto avós, mães, tias, parteiras das famílias e guardiãs de um conhecimento que vem dos antepassados. E o papel histórico que estas mulheres tiveram na formação da cultura tradicional do nascer na sua comunidade. Reforçado por esse papel histórico em volta das parteiras, formou-se, um amplo imaginário em que elas aparecem como as verdadeiras guardiãs da memória da constituição familiar, detentoras de um saber que, ao mesmo tempo, traz memórias mais amplas, regionais. Dessa forma, o produto de seu trabalho, o partejar, transforma-se em um bem simbólico, repleto de significados da família e da região.

Sendo assim, podemos pensar a sociedade como uma “comunidade imaginada” ao evidenciar o caráter imaginário das comunidades, sendo a imagem da comunhão viva na mente de cada um. Então, a existência de um imaginário da parteira tradicional é essencial para que se possa falar em sociedade ou grupo social nos sertões, florestas e mesmo nas grandes cidades. O nosso povo e o seu “lócus” social e cultural existirão enquanto existir a nossa memória, existirão enquanto houverem parteiras tradicionais.
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