O que é a abordagem biomédica do autismo e para que serve?
O autismo é uma doença complexa, que engloba
diferentes alterações a nível da sociabilização, comunicação e do
comportamento – e como todas estas alterações são "cerebrais” o autismo é
considerado uma perturbação "cerebral”. Daí que os tratamentos mais
comuns visem apenas melhorar o funcionamento do cérebro através de
diferentes terapias comportamentais e diferentes fármacos que visam
melhorar a química cerebral. Mas estas crianças, para além
destas perturbações "cerebrais” apresentavam muitas vezes outras
alterações, nomeadamente: um apetite muito seletivo (em casos mais
graves comem apenas 3 – 4 tipos de alimentos), alterações
gastrointestinais (diarreias frequentes, fezes desfeitas e abundantes,
produção excessiva de gases, obstipação e presença de alimentos mal
digeridos nas fezes), alergias diversas, eczema e outras alterações na
pele, infecções recorrentes, perturbações do sono, descoordenação
motora, falta de firmeza muscular, entre outras alterações. O movimento DAN! Na
década de 1990 nos Estados Unidos, alguns profissionais de saúde cujos
filhos tinham recebido um diagnóstico de autismo juntam os seus
conhecimentos profissionais com a maior motivação do mundo – ajudar os
seus próprios filhos. Começam a trocar experiencias com os resultados
que têm tido com o uso de alterações na dieta alimentar da criança e com
o uso de suplementos nutricionais específicos – era o início da
abordagem biomédica do autismo. Decidem criar um movimento, a
que chamam "DAN! – Defeat Autism Now!), com o objectivo de partilhar os
seus conhecimentos e de juntar outros profissionais que trabalhassem
desta forma. O ponto de exclamação no final do nome da organização é
intencional e reflete a necessidade e a urgência de mudança. Ao longo
dos anos o movimento DAN! cresceu e centenas de pais se juntaram. Muitos
destes pais, com formação em áreas como medicina, nutrição, ciências
farmacêuticas, bioquímica, biólogos, etc, começaram a ver a lógica no
pensamento subjacente à abordagem biomédica, e tal como os fundadores do
movimento DAN! dedicaram-se à causa. Usam os seus conhecimentos
técnicos, a sua enorme motivação em melhorar os sintomas dos seus
filhos, e os estudos científicos começam a surgir. Este movimento que
surgiu do amor dos pais, e da necessidade destes em encontrarem
respostas para os seus filhos, já ganhou vida própria e já inclui muitos
profissionais de saúde que não são pais, nem familiares de crianças com
autismo. Devido a problemas de direitos de autor a designação DAN!
deixou de ser usada, para passar a designar-se apenas "Abordagem
biomédica do autismo” e a associação DAN! passou a designar-se
"Autism Research Institute” Abordagem biomédica
Sabe-se hoje que muitas das alterações comportamentais, de comunicação
e de sociabilização presentes no autismo são influenciadas ou mesmo
provocadas por diferentes perturbações a nível orgânico. Estas
perturbações incluem perturbações gastrointestinais e digestivas, stress
oxidativo, perturbações em vias metabólicas chave, inflamação e/ou
infecções crónicas, sobrecarga tóxica, deficiências nutricionais
múltiplas, disfunção mitocondrial, entre outras. O objectivo da
abordagem biomédica
é retirar o que faz mal, repor o que faz falta e reequilibrar o que
está desequilibrado. Para isso identificam-se as alterações presentes
(através de história clinica, alimentar, sinais e sintomas, análises de
sangue, de urina e de fezes), aplicam-se dietas especiais, suplementos
nutricionais e quando necessário recorre-se ao uso de medicamentos (em
especial antifúngicos e antibióticos para o tratamento de eventuais
infecções existentes, em especial a nível gastrointestinal). Algumas das
alterações presentes são impossíveis de reverter, podendo apenas ser
optimizadas. Dependendo das alterações presentes, e da
idade da criança, os resultados podem variar. Nalguns casos (em especial
em crianças até os 5 anos) não é raro que se verifique um
desaparecimento dos sintomas do autismo. Não se trata de uma cura, pois
estas crianças podem voltar a manifestar os mesmos sintomas se deixarem
de ter determinados cuidados alimentares e de estilo de vida. Já em
crianças mais velhas ou mesmo adultos os resultados são muito variáveis,
mas nalguns casos podem ser bastante
benéficos. As
diferentes terapias comportamentais e psicológicas são fundamentais e
complementares à abordagem biomédica. Num grande numero de casos, a
abordagem biomédica vai apenas permitir uma evolução mais rápida nessas
mesmas terapias – pois "prepara o terreno” para que esses profissionais
possam conseguir os diferentes resultados pretendidos. Da mesma
maneira que muitos de nós não consegue aprender ou trabalhar sem café,
com fome ou com "dores de barriga”, também estas crianças são incapazes
de tirar o total proveito destas terapias se tiverem um cérebro
desnutrido, inflamação gastrointestinal ou uma acumulação de compostos
tóxicos que prejudicam a comunicação cerebral. Fonte:
http://www.esmeraldazul.com/pt/blog/o-que-e-a-abordagem-biomedica-do-autismo-e-para-que-serve/