A Síndrome de Arnold-Chiari ou Chiari, descrita há pouco mais de 100 anos, geralmente se refere à herniação da parte inferior do cérebro, ou seja, das amígdalas cerebelosas e da parte inferior do cerebelo, através do forame magno para o canal vertebral. Para casos de Síndrome de Chiari II e III, a explicação está na tração para baixo que afeta a medula espinhal, causada por diversas malformações da coluna, como a mielomeningocele. Já em relação à Síndrome de Arnold Chiari I, outras causas vem sendo apontadas, tais como: os conflitos na circulação de líquido cefalorraquídeo ou o tamanho reduzido da fossa posterior que contém o cerebelo.
Há mais de 30 anos, as nossas pesquisas, mostram que, na Síndrome de Arnold Chiari I, há uma tensão na medula espinhal, que causa uma malformação não detectada. O Filum terminale tenso causa o mesmo que nas síndrome de Chiari II e III, ou seja, tensiona a medula espinhal para o canal vertebral.
Além de provocar um estímulo que flexiona a coluna vertebral, a tensão do Filum terminale desce a parte inferior do cérebro (as denominadas “amígdalas cerebelosas”) pelo orifício occipital que conecta o crânio com a coluna vertebral como uma forma de evitar a tensão da medula espinhal. Isto causa a Síndrome de Arnold-Chiari, que foi descrita há mais de 100 anos e que, até agora era considerada uma doença de causa desconhecida. A secção cirúrgica do Filum terminale em um(a) paciente com a Síndrome de Arnold-Chiari anula a tensão para baixo das amígdalas cerebelosas, interrompendo o seu sofrimento, ao deixar de se autoestrangular no orifício occipital. A intervenção possibilita a melhora de diversos sintomas desta enfermidade. No entanto, as amígdalas cerebelosas, em geral, não ascendem por terem ficado deformadas e também por causa da sua elasticidade reduzida.
A secção cirúrgica do Filum terminale consiste em uma pequena abertura no osso sacro, no final das costas, onde não há a desvantagem de que haja uma alteração da mecânica da coluna vertebral. Nesta zona, o neurocirurgião visualiza o Filum terminale e o secciona com técnicas microcirúrgicas. Tudo em menos de uma hora, com a vantagem de que esta cirurgia é feita com uma internação hospitalar de apenas um dia.