Olá! Eu sou a Camila, e tenho a gata mais perfeita do mundo: a Lola.
Ela é uma senhora de 13 anos, muito fofa e simpática, vai te receber na porta, bate altos papos com você, fuça na sua bolsa (ela vai tentar entrar), enche sua calça de pelo, e fica no seu caminho até você dar o que ela quer (e você que lute para adivinhar, mas geralmente ela quer que você chacoalhe o pote de ração dela, porque sim). E, se você quiser montar trilhos de trem ou quebra-cabeça no chão, você provavelmente terá problemas.
Ela, há anos, como muitos gatos, tem problemas renais. Já passou por algumas crises, mas a ultima veio acompanhada de fatores que comprometeram muito a saúde dela.
Ela teve que ser internada, porque estava muito fraquinha, já não comia (o que é bem raro no caso dela, que, geralmente se alimenta bem até demais), e apresentava uma desidratação severa.
Os veterinários fizeram vários exames, que mostraram importantes alterações, e nos avisaram da gravidade da situação dela. Sangue muito ácido, deficiência de vários eletrólitos, ureia e creatinina muito elevadas, anemia forte, infecção por bactéria no trato urinário e uma pancreatite grave, que já comprometia outros órgãos.
Eles a trataram, a fim de corrigir essas alterações, fizeram transfusão de sangue, deram antibiótico para a infecção e corticoide para os órgãos inflamados.
Os exames dela melhoraram (modesta e lentamente, mas melhoraram), porém, o quadro clínico dela só piorava. Ela estava cada vez mais prostrada, não se movimentava pelo leito, estava hipotérmica e foi transferida para uma incubadora, só ficava deitada, até que foi perdendo a consciência, e, embora de olhos abertos, já não respondia mais a estímulos. Os veterinários cogitaram sequelas neurológicas, em decorrência da ureia muito elevada, que poderiam ser irreversíveis.
Eles me ligaram, e pediram para eu ir até o hospital. Lá, disseram que, embora ela tivesse apresentado (discreta) melhora nos exames, não foi suficiente para que ela, de fato, melhorasse, voltasse a se alimentar, andar. Ela teve uma piora neurológica que estava evoluindo para um estado comatoso. E que, a partir daquele momento, a eutanásia passava a ser uma alternativa, já que nenhum tratamento estava revertendo o quadro dela.
Eu chorei muito, disse que iria pra casa pensar, conversar com meus filhos, e daria uma resposta. Antes de ir embora, pedi para vê-la. Fui até a internação, me aproximei da incubadora e, quando ouviu minha voz, ela, com muita dificuldade, ergueu a cabeça e miou pra mim. Fiquei muito emocionada por ela, mesmo muito fraquinha, ter reagido à minha presença.
Fui pra casa, conversei com os meninos, expliquei a situação toda, e falei da eutanásia. Eles choraram muito, e pediram pra vê-la. Fomos ao hospital e ela, novamente, ao ouvir nossas vozes, tentou levantar a cabeça e miar. Ficamos lá com ela, muito emocionados. Tiago até gravou um vídeo para o Artur lembrar dela.
Estávamos indo embora, quando decidimos que queríamos levá-la pra casa, por perceber a falta que ela sentia de nós. Conversei com os médicos, e eles me explicaram que, para isso, teriam que colocar um tubo esofágico nela, para que pudéssemos alimentá-la e dar os remédios necessários. Mas, que esse era um procedimento cirúrgico, e, por seu estado de saúde muito debilitado, era muito grande a chance dela sequer aguentar a anestesia, e morrer. Como havia uma chance, mesmo que mínima, dela sobreviver ao procedimento, assinei o termo de consentimento, e autorizei a cirurgia.
E, para nossa alegria, deu tudo certo! O pós operatório foi tranquilo, não houve qualquer reação negativa ao tubo esofágico. Dessa forma, ela poderia ter alta médica e vir pra casa.
A despedida dela no hospital foi comovente, porque simplesmente não há como não se apaixonar pela Lola.
Agora ela segue o tratamento em casa, repondo nutrientes, tomando as medicações. Está voltando a comer sozinha. Tudo muito lentamente, no tempo dela. Não sabemos se vai dar tudo certo. Mas o que é "tudo certo", não é mesmo? Pra nós, "tudo certo" é ela feliz por estar aqui com a gente.
E, após essa linda história de superação, vou contar o perrengue. O tratamento da Lola no hospital custou singelos R$ 10.445,12. Consegui pagar R$ 330,00 na alta, e assinei um termos de Confissão de Dívida de R$ 10.115,12.
Aqui em casa, somos 4 humanos e 3 gatos. Os humanos são Gabriel de 16 anos, Tiago de 13 anos, Artur de 1 ano e meio e eu. Os gatos são a Lola de 13 anos, o Perrapado de 9 anos e a Fraternité de 4 anos (idades aproximadas, já que todos foram adotados jovenzinhos).
Atualmente, estou desempregada, tentando me realocar no mercado, mas, devido a uma recente cirurgia na coluna não tão bem sucedida, que deixou sequelas, estou no limbo entre ter as dificuldades de uma PcD, sem oficialmente ser. O que torna tudo burocraticamente mais complicado.
Eu entendo que internar a Lola em um hospital veterinário particular foi uma escolha consciente. É uma clínica segura, por onde ela já havia passado, logo, já tinham seu histórico, e é perto de casa. Também sabia que haveria uma conta a ser paga. Eu não esperava que ela passasse tanto tempo internada, que teria que fazer transfusão de sangue, passar por cirurgia, mas não tive coragem de simplesmente interromper o tratamento por motivo financeiro, e abandoná-la, deixá-la morrer sem tentar salvá-la.
Eu podia estar roubando. Eu podia estar matando. Mas estou fazendo uma vaquinha, pedindo a ajuda de vocês. Qualquer valor é muito bem vindo. Até porque, a jornada de superação continua por aqui, com medicamentos e itens para os cuidados dela, retorno a cada 2 dias no hospital para reposição de nutrientes, que só pode ser feita por veterinários, exames de acompanhamento, e uma ração mais cara do que a comida que dou pros meus filhos.
Agradeço a atenção de quem leu, as boas energias emanadas e a contribuição de quem puder e quiser ajudar. E fiquem à vontade para visitar a Lola. Você será mais bem recebido por ela se trouxer sachê de salmão (só uma dica).