
Me chamo Ana Claudia Falcão Rodrigues, tenho 46 anos, casada, mãe de duas crianças autistas, um menino com 5 e uma menina com 10 anos de idade.
Recentemente, no dia 02 de abril do ano corrente, justamente no dia mundial de conscientização do autismo, eu e minha família vivenciamos uma situação difícil, vergonhosa e humilhante dentro de um ônibus coletivo na cidade de Salvador, nesse dia em que programamos ser de muita alegria e diversão para nossos filhos e que se transformou em um dia triste e traumático pra mim, meus filhos e meu esposo.
Fui agredida fisicamente e verbalmente por uma mulher que estava sentada em assento preferencial, que não cabia a ela. A seguir um breve resumo do acontecido naquela dia: em momento algum cheguei no ônibus pedindo o lugar, porém todas as pessoas que estavam no ônibus, já que estava cheio, gritavam pra ela dar o lugar para as crianças e a família sentarem juntas (meu filho em lugar muito cheio da muitas crises) e sair de ônibus pra gente é um sufoco. Eles ficam agitados e o menor, com apenas 5 anos, entra em crise. Ela simplesmente ignorou o fato deles serem deficientes (sim, o autismo é dito como uma deficiência) e continuou sentada mexendo no celular. Eu passei, tinha um lugar mais atrás e fui sentar. Do lado dela também tinha um lugar, onde o meu esposo sentou e colocou o nosso filho no colo. Porém, ele não parava de gritar, por querer todos da família juntos. Foi ai que o pessoal gritava mais ainda para que ela desse o lugar pra que a família estivesse perto para ele ficar mais calmo. Uma senhora atrás de mim disse: "vá minha querida, que agora ela vai lhe dar o lugar" e foi quando me levantei e fui. Ao me aproximar, fui agredida fisicamente com tapa no rosto (😭😭😭😭😭) e cair sentada. Nesse momento ela deu outro tapa, do outro lado do rosto, e começou a puxar os meus cabelos. (😭😭😭😭😭).
Desse dia em diante todo o emocional da minha família foi abalado e meus filhos regrediram muito. O menor, com 5 anos, vem apresentando comportamento agressivo e repete inúmeras vezes palavrões ouvidos no dia do fatídico incidente dentro daquele coletivo. Dói tanto pensar naquele dia, pois como estamos desempregados e nossa vida gira em torno das crianças elas aproveitariam aquele dia onde a maioria das coisas em Salvador seria ofertada gratuitamente para eles.
Vale ressaltar aqui, também, que ainda não estamos recebendo o Benefício de Prestação Continuada - BPC deles, que esta em trâmite na justiça. Diante disso, estamos passando muitas lutas e dificuldades.
Devido a esse ocorrido, sair com as crianças em transporte público se tornou um caos, pois ficam receosos em acontecer tudo novamente ou encontrar a temida mulher, já que ela mora próximo ao bairro no qual residimos. Meus filhos precisam ir às terapias e médicos, diariamente, e não temos condições financeiras para deslocamento em carros de aplicativo e no momento também não possuímos veículo próprio (um dos sonhos nossos é adquirir um carro pra levar eles na terapia).
Nas bastasse às dificuldades já mencionadas, a minha filha é seletiva e não come de tudo, além dos remédios que faz uso e também temos que comprar.
Estamos também com problemas estruturais no quarto deles, onde o teto está desabando. O menor está sem cama pra dormir e não sabemos o que fazer.
Choro o tempo todo pedindo a Deus uma solução e através dessa vaquinha virtual venho pedir a ajuda de todos vocês, em nome da minha família e pelo conforto mínimo que eu possa oferecer aos meus filhos com o básico que eles precisam.
Desde já agradeço por toda ajuda. O mínimo que a mim possa ser ofertado, será muito para a minha família.



