Amigos e amigas,
Nascer mulher, em uma família que começou na senzala, quase nunca é fácil. Tenho 34 anos, me reconheço negra, de família pobre, filha de mãe que não teve chance de estudar. Atualmente, tenho dois filhos pequenos e um marido maravilhoso, filho de mãe negra e solo, que me apoia nas lutas e na vida. Estudei em escola pública e sempre tive que me esforçar mais que as pessoas a minha volta, afinal, está estampado no meu corpo, no rosto, na minha vida a luta que tracei dia após dia, sem ajuda de uma sociedade que esfrega diariamente nas mídias e meios de comunicação o quanto somos minoria, mesmo sendo a maioria.
Consegui, com muita dedicação ser aceita para defender minha tese de mestrado em comunicação social, em uma universidade estrageira, em Sherbrooke. Minha tese visa pesquisar sobre os efeitos da representatividade das minorias na mídia - dois assuntos sobre os quais eu domino. mas, infelizmente me dei de frente com a velha barreira: falta de recursos. O governo exige que eu comprove capacidade para pagar o curso (que para estrageiros é muito mais caro) e capacidade de manter minha família por alguns meses.
Por muitas vezes, não nos vemos como gostaríamos de sermos vistos e nossas dificuldades acabam virando um circo para pessoas que se beneficiam que não consigamos antigir objetivos que para outros, nascidos em berços privilegiados, são tão mais reais e fáceis de atingir. Precisamos que respeitem nossa história que acreditem em nós, que sejam percebidos por todos, inclusive por nós mesmo, que possamos nos espelhar em algo. Essa é minha missão. Mulheres, negros, nordestidos, plus sizes, indigenas, LGBT: somos reais, não somos piadas.
Por isso, peço ajuda de vocês para realizar meu sonho de poder dar a tantas outras pessoas a oportunidade de sonhar e se verem representadas, tanto na minha história quanto nas mídias - sim, a representatividade faz diferença e nós sabemos disso. O valor total dá cerca de 150 mil reais, mas eu coloquei apenas o valor do curso, que já acho difícil conseguir, mas que eu não poderia deixar de tentar. Guerreiros não fogem da batalha, essa seria a pior derrota: desistir sem tentar, ainda mais quando sei que meu esforço pode fazer a diferença na vida de tantas pessoas.
Peço, humildemente que me ajudem a divulgar essa campanha, caso não possam ajudar. Qualquer quantia é bem vinda, visto que se o valor não for atingido ou não puder me ajudar de alguma forma no pagamento do mestrado, eu doarei para alguma instituição que defende ideais parecidos.
Obrigada por lerem por ajudarem, por compartilharem, por acreditarem na causa.
Grande abraço!