Os hormônios não são apenas insuficientes, mas no capitalismo são mais uma maneira da medicina lucrar com a milionária industria farmacêutica e dessa maneira punir os corpos trans matando nossa biologia e reduzindo nossa qualidade de vida. Como já denunciei antes é inegociável com essa medicina e seus "sacerdotes do lucro" o direito de reconstruir o corpo. Também o silicone industrial é um grande risco fatal para essa construção (Quem duvida veja esse video: https://www.youtube.com/watch?v=mc6tfnTkSB4 ou o documentário "Bombadeiras" https://www.youtube.com/watch?v=8ukxnlDYdKE). Como sou trabalhadora, preciso de ajuda para encontrar os meios menos letais que me permitam encontrar o equilibrio entre a razão que conhece os limites do capitalismo para avançar na construção dos nossos corpos e a vontade de libertar nossos corpos para uma verdadeira pré-fabricação de nossas identidades.
Para ver a denúncia completa, leia meu texto "O inegociavel direito de recriar o corpo":
"Doía falar, doía escrever. Mas de pouco em pouco, foi saindo. Devagar, ia remoendo a tão passageira sensação do começo da minha hormonização, que em cada segundo carregava uma eternidade de signos e desespero. Quando decidi tomar a Ciproterona, um anti-andrógeno que reduziria a produção de testosterona, parte de mim consciente buscava anular-me. Diziam que provocaria perda de libido, perda de orgasmo, perda de algo que não me parecia fazer falta, ou melhor, que a ausência provocada pelo que chamamos de "solidão da mulher trans", principalmente se não aceitamos ser meros objetos ou carne no mercado, me faziam crer que ser - e que poderia ser nesta sociedade - bastaria. Ou mais que não "sentir vontade" me traria menos angústia pela cruz que obrigam a carregar. Acreditava que quanto mais estrogenizasse meu corpo, mais rápido meu corpo seria reflexo do que estava construindo. Dei então o primeiro passo firme da minha transformação. Foram-se os cinco primeiros meses, longos, sem grandes alterações físicas, recompensados pelos efeitos do estrogênio - hormônio do stress - que provocava uma mudança profunda no meu modo de ver e sentir. Estava constantemente abalada e perseguida, e mergulhando numa solidão que experimentaria sozinha numa viagem sem nunca ter consolidado um lar para retornar."
http://www.esquerdadiario.com.br/O-inegociavel-direito-de-recriar-o-corpo