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Resistência Kaingang: Memória, Território e Perseguição

ID: 371184
Resistência Kaingang: Memória, Território e Perseguição
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Vaquinha criada em: 24/09/2018

(description en français infra)

- 2 obras audiovisuais (filmes e/ou séries - à medida que se vai captando o conteúdo e processado-o, se observará qual formato atenderá melhor às necessidades propostas)

- um site do projeto completo, com diários de viagem, fotos, etc.

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Por que R$ 65.000,00 (o valor calculado como ideal para este projeto)?

1) R$ 3.500,00 - custos com uma viagem de 15 dias (bem descontados pois há o apoio das comunidades Kaingang visitadas, com alimentação e hospedagem solidárias) - mapa da viagem: https://goo.gl/maps/h8Mg7UVPX632

2) R$ 8.200.00 - custos com equipamentos audiovisuais (taxas de utilização de câmeras, microfones, gravadores, lentes, ilha de edição, etc. - vai para a produtora responsável, o Coletivo Catarse)

3) R$ 7.250,00 - remunerações da equipe da viagem (direção/coordenação, consultoria, operação de câmera e áudio, assistência de produção e motorista)

4) R$ 41.500,00 - pós-produção (roteirização, edição e finalização de vídeo, produção de trilha sonora original, edição e masterização de áudio, arte gráfica e montagem e manutenção de site)

5) R$ 4.550,00 - taxa de 7% do Portal Vakinha

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O que se propõe a quem apoiar?

As pessoas serão mencionadas nos créditos principais de cada obra produzida, com destaque também no site e artes gráficas a serem produzidas. Aquelas que apoiarem com valores acima de 500,00 até R$ 1.000,00, receberão as mídias diretamente (seja em meio digital ou em DVD/pendrive personalizado). Quem apoiar com valores acima de R$ 1.000,00, além de tudo já citado, serão também creditados e destacados como Produtores Executivos das obras. Será realizado ainda um pré-lançamento digital exclusivo a apoiadores, que receberão em seus e-mails, ou outros meios de contato, usuário e senha próprios para sua exibição particular por 3 dias - após este prazo, se realizará distribuição aberta e livre do material.

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O Projeto

Uma realização de Iracema Gá Rã Nascimento, liderança Kaingang, Clémentine Maréchal, doutoranda em antropologia social, e o Coletivo Catarse, produtora cultural e audiovisual (www.coletivocatarse.com.br). Acesse o site: https://memoriaterritorioeperseguicao.wordpress.com

Resistência Kaingang: Memória, Território e Perseguição.

Propomos nos aproximar das retomadas de terra Kaingang, antigas e atuais, no sul do Brasil. Esse projeto nasce da iniciativa dos próprios Kaingang, vendo nele a possibilidade de relatar sua história, antiga e recente, para assim fortalecer seu povo. O suporte audiovisual permite, nesse sentido, uma difusão maior do resultado do trabalho e uma garantia de um tipo de registro permanente em um momento em que se observa a perda irreparável de acervos indígenas com o incêndio do Museu Nacional no Rio de Janeiro.

O povo Kaingang pertence ao tronco linguístico Macro-jê. Antigamente, era um povo caçador-recolhedor que habitava as florestas de araucárias. A partir do século XVII, os Kaingang passam a ser colonizados por várias frentes que, ao buscar assegurar seu controle sobre essa população, buscam confinar os Kaingang em espaços fechados que são chamados de aldeamentos (LIMA, 1995). É, sobretudo, a partir da metade do século XIX que os aldeamentos Kaingang se fortalecem, constituindo-se com o objetivo de deixar “limpas” as terras para a chegada de colonos italianos (FERNANDES, 2003). Esses diversos processos de territorialização (OLIVEIRA FILHO, 1998) foram acompanhados por uma série de imposições coloniais, cujos objetivos, notadamente a partir do nascimento do Serviço de Proteção aos Índios, eram a transformação dos indígenas em trabalhadores nacionais. Os impactos desses processos coloniais ainda hoje se sentem nas Terras Indígenas Kaingang. As Terras Indígenas que foram (re)demarcadas pela Fundação Nacional do Índio (FUNAI) são oriundas desses primeiros aldeamentos que foram cada vez mais se tornando menores com a chegada de novas frentes coloniais e notadamente com a expansão do capitalismo.

A partir da década de 1970, os Kaingang começaram a iniciar movimentos de retomadas das terras que lhes foram retiradas ao longo da história. Entre as Terras Indígenas retomadas na década de 1980, nos interessa abordar a retomada da T.I. Mangueirinha, no Paraná, desde a perspectiva da liderança políticoespiritual (kujà) Iracema Gá Rã Nascimento, filha da liderança Alcindo Peni, que viajou desde Nonoai/RS até Mangueirinha com mais de 40 famílias de guerreiros Kaingang para apoiar ao, então, cacique da T.I. Mangueirinha Ângelo Kretã.

Mais recentemente, os Kaingang do Alto Uruguai têm iniciado processos de retomadas que desencadearam a formação de Acampamentos de Retomadas (ACR), que até hoje estão à espera da sua homologação por parte do Estado brasileiro. As condições de vida nos Acampamentos são mais difíceis, por um lado, não existindo tantas políticas de assistência como nas T.I demarcadas, e, por outro, eles têm que enfrentar cotidianamente à adversidade da convivência com os fazendeiros.

Muitas lideranças Kaingang acabaram, assim, sendo perseguidas e encarceradas. Porém, nos Acampamentos de Retomadas têm-se desenvolvido também formas outras, contra-hegemônicas, de viver e se relacionar com o território e com a política. As retomadas expressam um desejo de romper com as heranças do colonialismo na busca de um “retorno” ao tempo dos antigos vãsy (TOMMASINO, 1998) e, nelas, se elaboram novas formas de fazer política baseadas em saberes ancestrais em que os mundos espirituais e terrestres estão intimamente vinculados (MARÉCHAL, 2017).

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JUSTIFICATIVA

Este projeto busca a elaboração de duas obras audiovisuais que retraçam a luta pela terra dos Kaingang. A primeira será enfocada na história de vida da liderança Alcindo Peni, que se opôs durante mais de 40 anos à venda de madeira ilegal e aos arrendamentos de terra pelos colonos da região, fomentada pelos funcionários dos órgãos estatais Serviço de Proteção aos Índios (SPI) e Fundação Nacional do Índio (FUNAI) na Terra Indígena Nonoai. Além disso, Peni foi chamado junto a mais de 40 famílias de Nonoai para ajudar a liderança Ângelo Kretã a retomar sua terra. A retomada de Mangueirinha ficou gravada na memória de muitas pessoas, pois envolveu muitos Kaingang do sul do país, e a sociedade civil também se mobilizou muito a favor dos Kaingang. A família de Peni ficou morando na T.I. Mangueirinha até a morte de Ângelo Kretã, que faleceu em circunstâncias muito estranhas. A ideia desta obra é retraçar os passos da luta pela terra e pela vida de Peni, que foi uma liderança que lutou ferventemente contra a destruição da terra e que sofreu as consequências - condenado, junto a 40 outras famílias, pelos próprios Kaingang, ao exílio, refugiou-se em Porto Alegre, no fim dos anos 1980. Sua filha, Iracema Nascimento, que também é uma conhecida liderança político-espiritual (kujà) Kaingang da região, é quem está na origem deste projeto e se ofereceu para nos guiar sobre os passos da luta do seu pai.

A outra obra pretende-se elaborar a partir de uma convivência com as comunidades Kaingang que vivem nos Acampamentos de Retomadas no interior do Rio Grande do Sul, principalmente no Alto Uruguai. Para iniciar, a ideia é focar no Acampamento de Retomada Kanhgág Ag Goj (Rio dos Índios), situado em Vicente Dutra/RS, onde, em 2016, a comunidade, apoiada por outras comunidades da região, retomou um pedaço de terra de forma autônoma e onde plantaram esse ano 4000 pés de araucárias, reafirmando, assim, seu desejo de romper com um sistema explorador e viver de acordo as suas formas e princípios de vida social. Também, pretende-se tornar visível a vida e a luta pela da comunidade de Votouro/Kandóia, situada em Faxinalzinho/RS, onde a comunidade fica recluída em 2ha de terra e onde seguem sofrendo perseguição judicial, sendo envolvidos desde maio de 2014 em um processo que visa a criminalizar sua luta pela terra, e no ACR de Passo Grande da Forquilha, onde, em novembro de 2016, onze pessoas foram presas numa tentativa de retomar suas terras, acusadas de organização criminosa e incêndio.

A realização dessas duas obras é necessária para dar visibilidade tanto à perseguição e criminalização da luta pela terra que os Kaingang vêm levando há décadas quanto aos horizontes decoloniais (MIGNOLO, 2007) que se inscrevem nesses processos recentes de retomadas. A luta pela terra Kaingang, nesse sentido, deve ser entendida para além das concepções eurocentradas do território, o território se apresenta, para os Kaingang, como um tecido de relações (ECHEVERRI, 2004) entre seres humanos, não humanos e extrahumanos, todos intimamente ligados à floresta. A destruição cada vez mais consequente da floresta tem desequilibrado profundamente essas relações inscritas no tecido social Kaingang. Hoje, um dos principais objetivos dos Kaingang nos Acampamentos de Retomada é o restabelecimento desse equilíbrio. Através deste trabalho, buscaremos mostrar como o território está vivo na memória dos Kaingang ao mesmo tempo em que evidenciaremos sua destruição material e física. Apresentaremos também as propostas que os Kaingang fazem para suas comunidades nos Acampamentos de Retomada e assim veremos porque essas retomadas se articulam com um profundo desejo de romper com o sistema de exploração do homem pelo homem e da natureza pelo homem.

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OBJETIVOS

Geral:

– Fortalecer a luta pela terra dos Kaingang no Alto Uruguai a partir da realização de duas obras audiovisuais que retracem os processos antigos e recentes de retomadas e as implicações e consequências que esses processos têm para sua comunidade e além dela.

Específicos:

– Retraçar a história de vida e luta da liderança política Alcindo Peni Nascimento, sendo guiados por sua filha e liderança político-espiritual Iracema Gá Rã Nascimento;

– Abordar as retomadas de terra Kaingang atuais entendendo-as como horizontes decoloniais de organização político-espiritual;

– Visualizar o território Kaingang como um tecido de relação entre seres humanos, extra-humanos ligados à floresta e transmitir essa relação na realização dos vídeos;

– Denunciar as perseguições políticas e o encarceramento das lideranças políticas Kaingang no Alto Uruguai.

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FRANÇAIS

- 2 oeuvres (films et/ou séries- au long du tournage nous verrons quel format est le mieux adapté aux objectifs du projet)

- Un site du projet complet avec un journal de route, photos, etc.

Pourquoi 65.000,00 reales (valeur idéale calculée pour la réalisation de ce projet)?

1) R$ 3.500,00 - Voyage de 15 jours (on compte avec le soutiens: alimentation et logement solidaire des communautés Kaingang auxquelles nous rendront visite) - Carte du voyage: https://goo.gl/maps/h8Mg7UVPX632

2) R$ 8.200.00 - Équipement et matériel de tournage (taxe d'utilisation des caméras, micros, enregistreurs. édition etc. tout cela va pour le producteur responsable, le Collectif Catarse).

3) R$ 7.250,00 - Rémunération de l'équipe pendant le voyage (direction/coordination, conseil, opération de la caméra et du son, assistance de production et chauffeur).

4) R$ 41.500,00- pós-production (Routage, édition et finalisation des films, production de la bamde son, édition et mastering du son, art graphique et montage et entretien du site).

5) R$ 4.550,00- taxe de 7% du Portal Vakinha

Ce que nous offrons à ceux et celles qui nous soutiennent?

Tous seront mentionnées dans les crédits principaux de chaque oeuvre produite, mis en évidence aussi sur le site et arts graphiques qui seront produites. Ceux et celles qui nous soutiennent avec plus de 500 reales recevront les films directement (soit digital ou en DVD). Ceux et celles qui nous soutiendront avec plus de 1000 reales, en plus de ce qui est mentionné supra, seront aussi crédités et mis en évidence en tant que Producteurs Exécutifs des oeuvres. Une pré-sortie digital exclusive pour ceux et celles qui nous soutiennent qui recevront dans leur boîte mail, un nom d'utilisateur et un mot de passe pour son exposition particulière pendant 3 jours, après, le matériel sera librement distribué. 

Le projet

Une réalisation de Iracema Gá Rã Nascimento Kaingang, Clémentine Maréchal, doctorante en anthropologie sociale et le Collectif Catarse, productrice audiovisuelle (www.coletivocatarse.com.br). Jettez un oeil sur notre site: https://memoriaterritorioeperseguicao.wordpress.com

Résistance Kaingang: Mémoire, Territoire et Persécution.

Description

Ce projet propose d’aborder les récupérations des terres Kaingang, anciennes et actuelles, dans le sud du Brésil. Il est à l´initiative des Kaingang qui voient en lui une possibilité de raconter leur histoire. Le support audiovisuel permet une meilleure diffusion des résultats de nos travaux. Le peuple Kaingang appartient au tronc linguistique Macro-jê. Autrefois, c’était un peuple chasseur-cueilleur qui habitait les forêts d’Araucaria. A partir du XVIIè siècle, les Kaingang ont commencé à être colonisés par plusieurs fronts qui, afin d’asseoir leur contrôle sur les populations amérindiennes, ont cherché à confiner les Kaingang dans des espaces limités renforcés par la présence de l´église, qui seront appelés « aldeamentos » (LIMA, 1995). C´est surtout à partir de la moitié du XIXe siècle que les « aldeamentos » Kaingang se constituent avec l´objectif de laisser les terres « libres » pour l´arrivée des colons italiens (FERNANDES, 2003).

Ces divers processus de territorialisation (OLIVEIRA FILHO, 1998) ont été accompagnés par une longue série d´impositions coloniales dont les objectifs, notamment à partir de la naissance du Service de Protection aux Indiens, étaient la transformation des indiens en travailleurs nationaux. Les impacts de ces processus coloniaux se sentent encore aujourd´hui dans les Terres Indigènes Kaingang. Ces dernières qui ont été démarquées par la Fondation Nationale de l’Indien (FUNAI) sont issues des premiers « aldeamentos » qui n’ont cessé de diminuer avec l’arrivée des nouveaux fronts coloniaux et notamment avec l’expansion du capitalisme. Dans les années 1970, les Kaingang ont commencé un mouvement de récupération des terres qui leur furent expropriées tout au long de l’histoire coloniale. Plusieurs récupérations ont eu lieu et celles qui aujourd´hui nous intéressent sont celles de la Terre Indigène Mangueirinha (dans le Paraná) qui nous seront racontées depuis l´histoire de vie du leader politico-spirituel (kujà) Alcindo Peni qui a voyagé de Nonoai (Rio Grande do Sul) jusqu´à Mangueirinha, avec 40 familles de guerriers Kaingang pour soutenir et aider les membres de la communauté de Mangueirinha et leur chef Angelo Kretã à récupérer leurs terres.

Plus récemment, les Kaingang du Haut Uruguai ont initié un processus de récupération de terres anciennement expropriées qui a laissé place à la création de Campement de Récupération de Terres (« Acampamento de Retomada », ACR) dont les membres, jusqu’aujourd’hui restent dans l’attente de la démarcation, la reconnaissance et l’homologation officielle de leurs terres de la part de l´État brésilien. Les conditions de vie dans ces campements sont plus difficiles, d’une part car il n´existe pas autant d´assistance (postes de santé, douches, toilettes etc.) mais surtout car les Kaingang sont confrontés quotidiennement aux adversités liées aux conflits fonciers avec les grands propriétaires terriens. Plusieurs Kaingang sont encore persécutés et quelques uns emprisonnés. Par ailleurs, dans ces campements se sont aussi développés des formes différentes, contre-hégémoniques de vivre et de créer des relations avec le territoire et la politique. Dans ce sens, les récupérations de terres expriment un désir de rompre avec l’héritage du colonialisme dans la recherche d´un « retour » au temps des ancêtres vãsy (TOMMASINO, 1998), et en leur sein s’élaborent de nouvelles façons de « faire de la politique » qui sont basées sur des savoirs ancestraux où les mondes spirituels et terrestres sont intimement liés (MARÉCHAL, 2017).

JUSTIFICATION

Ce projet cherche à élaborer deux films qui retracent la lutte pour la terre des indiens Kaingang. Le premier film racontera l´histoire de vie du leader Kaingang Alcindo Peni qui, pendant plus de 40 ans, s’est opposé à la vente illégale de bois et à l´exploitation des Terres Indigènes par les grands propriétaires terriens de la région; exploitation fomentée et soutenue par les fonctionnaires du Service de Protection des Indiens (SPI), puis de la FUNAI (Fondation Nationale de l´Indien). Peni a été appelé par le leader Angelo Kretã pour l’aider à récupérer leurs terres dans les années 70. La récupération de  la terre de Mangueirinha est restée gravée dans la mémoire de plusieurs personnes car beaucoup de Kaingang se sont mobilisés pour aider Angelo Kretã dans ce combat. La famille de Peni a vécu à Mangueirinha jusqu´à la mort d´Angelo Kretã qui est décédé dans des circonstances douteuses. L´idée de ce film est de retourner sur les pas de Peni dans sa lutte pour la terre et la vie, un leader qui s´est battu contre la destruction de la Terre et qui en a souffert les conséquences. Condamné à l’exil à la fin des années 80, il se réfugie à Porto Alegre. Sa fille, Iracema Nascimento qui est aussi aujourd’hui une leader politico-spirituelle (kujà) connue dans la région est celle qui est à l´origine de ce projet et qui a décidé de nous guider sur les pas de son père.

Le deuxième film naît d’un échange avec les communautés Kaingang qui vivent dans les ACR (Campements de Récupération de Terres) à l´intérieur de l´état de Rio Grande do Sul au Brésil, principalement dans la région du Haut Uruguai. Notre idée est d’aller retrouver les membres de la communauté du Campement de Récupération de la Terre: Kanghág Ag Goj (Fleuve des Indiens), situé dans le village de Vicente Dutra, qui en 2016, soutenue par d´autres communautés Kaingang, ont récupéré, de manière autonome, encore un espace qui leur avait été exproprié et où, cette année, ils ont planté plus de 4000 plants d’arbres Araucaria en réaffirmant ainsi leur désir de vivre en accord avec leurs formes et principes de vie sociale en harnonie avec la nature et différentes de celles dictées par le système capitaliste en vigueur. Nous souhaitons également rendre visible la vie et la lutte de la communauté Votouro/Kandóia, située dans le village de Faxinalzinho où les membres de la communauté vivent dans seulement 2 hectares et où ils souffrent une forte persécution politique et judiciaire depuis 2014. Enfin, nous souhaitons parler de la communauté Passo Grande da Forquilha, mis en sourdine par les journaux officiels où, en novembre 2016, 11 personnes ont été arrêtées lors d’une tentative de récupération de leur terre, aujourd’hui encore, 3 de leurs membres sont emprisonnés.

La réalisation de ces deux films est nécessaire pour rendre visible autant la persécution et la criminalisation de la lutte pour la terre que les Kaingang mènent depuis des dizaines d’années que les horizons décoloniaux (MIGNOLO, 2007) qui s’inscrivent au sein de ces processus récents de récupération des terres. La lutte pour la terre Kaingang, dans ce sens, doit être comprise au-delà des conceptions euro-centrées du territoire, ce territoire se présente, pour les Kaingang, comme un tissu de relations (ECHEVERRI, 2004) entre les êtres humains, non humains et extra-humains, tous intimement liés à la forêt. La destruction chaque fois plus intense de la forêt a profondément déséquilibré ces relations inscrites dans le tissu social Kaingang. Aujourd’hui, un des objectifs principaux des Kaingang qui vivent dans les campements de récupération de terre est la restauration de cet équilibre. Avec les films, nous chercherons à montrer comment le territoire vit dans la mémoire des Kaingang de la même façon que nous mettrons en évidence sa destruction matérielle et physique. Nous présenterons aussi les projets de vie que les Kaingang ont dans leur communauté et nous verrons ainsi pourquoi ces récupérations de terres s’articulent autour d´un désir profond de rompre avec le système d´exploitation de l’homme par l’homme et de la nature par l’homme.

OBJECTIFS

Général

Soutenir et renforcer la lutte pour la terre des Kaingang dans le Haut Uruguai à partir de la réalisation de deux films qui retracent les processus anciens et récents de récupération de terres.

Spécifiques

Guidés par sa fille et leader politico-spirituelle Iracema Gã Teh Nascimento, retracer l’histoire de vie et de lutte du leader politique Alcindo Peni Nascimento.

Aborder les actuelles récupérations de terre Kaingang voyant au sein de leur organisation politico-spirituelle de possibles horizons décoloniaux.

Visualiser le territoire Kaingang comme un tissu de relations entre êtres humains et extra-humains liés à la forêt et faire passer le sens de ces relations dans l’élaboration des films.

Dénoncer les persécutions politiques et l’emprisonnement des leaders politiques Kaingang dans l´Haut Urugai.

Você e a vaquinha concorrem a R$ 15 MIL
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