RESGATE DE UMA CASA, LAR DE UMA VIDA. PIX: 10633127876

Tenho 49 anos de idade. E essa é minha história desde os 21.

No ano de 1991 mudei-me com minha mãe e irmão para a atual casa onde resido atualmente, em Marília interior de SP. Em 2005 adquiri a residência, pois era um grande sonho de minha mãe, comprando-a através de contrato particular (de gaveta). Desde então, passei a arcar com todos os impostos do imóvel e não medi esforços pra investir em reforma e melhoria de suas estruturas, uma vez que muito se havia a fazer. Economizando, com muito sacrifício, para que pudesse fazer do meu lar um lugar com qualidade, mesmo com muita simplicidade, pois trata-se de casa de núcleo habitacional popular, com apenas 1 quarto, sala, copa, cozinha e banheiro.

Durante minha estadia neste lugar, muitos momentos importantes de minha vida foram construídos e outros trágicos também, como a doença de minha querida mãe que durante 6 (seis) meses – entre idas e vindas ao hospital – permaneceu acamada, tendo a casa como leito e refúgio de amor e dedicação, falecendo em 1997. Ela se foi sem ter, ainda neste ano, seu sonho da casa própria realizada, mas a promessa que fiz a ela, anos depois, foi cumprida. E seu sonho, mesmo sem sua presença física foi realizado. Um compromisso de vida e existência que nem sempre podemos efetivar no tempo que gostaríamos, mas que finalmente – um dia – ele se concretiza.

Sempre com muitas dificuldades nunca regularizei a situação, transferindo a titularidade (escritura) do imóvel. Afinal, nunca sobrava dinheiro. Os rendimentos da família eram baixos e o pouco que dispúnhamos honrávamos os compromissos com IPTU e benfeitorias necessárias. Chegando a contrair empréstimos pra que melhorássemos o lugar.

Em 2019 fui surpreendido com a notícia de que o antigo proprietário havia enfrentando dificuldades financeiras e a casa havia sido arrolada para leilão. De imediato, contatei um advogado, mesmo sem condições financeiras, pra orientação e providências.

Infelizmente, todas as tentativas judiciais foram frustradas, tendo a justiça ignorado o fato claro de meu direito constitucional, legítimo e moral sobre a casa. A compra comprovada, todos os impostos confirmados, além dos investimentos atestados. O imóvel foi arrematado em leilão, no fim de 2020.

Tenho corrido contra o tempo, já que o “novo dono” tendo agora todos os direitos sobre o imóvel comunicou que fará a venda imediata dele. Além disso, juridicamente é expedido um mandado de imissão de posse que obriga, sob pena de despejo, a desocupação do imóvel em poucos dias.

Eu não posso arcar com a compra de um bem, especialmente o que é meu, por mais que não me tenham reconhecido, na “Justiça” esse direito legítimo. Mas a realidade se impõe.

Uma situação sem saída, pois nunca me preparei e me organizei pra ser retirado de minha própria casa, e arcar novamente com aluguel – mesmo sendo uma realidade pra muitos e que já foi minha – mas que como tantos eu lutei e conquistei meu próprio espaço.

Cada pedaço destas paredes, do teto e dos muros tem minha história, cada centímetro de chão conta a minha presença. Eu os construí, reconstruí, cuidei e fazem todos parte de mim.

Minha relação com a casa não é só monetária, financeira... é emocional. Meu vínculo com ela está além: são quase 30 (trinta) longos anos de vida. Cheguei aqui com 21 anos e hoje estou com quase 50. A casa faz parte também de minha vida. Das minhas felicidades e dores. Dos sonhos à concretização. Um sonho que sempre foi mais que somente meu.

Um lar é a morada de paz. Onde se guardam os cansaços do dia a dia. Onde se tem um descanso.

Não ter pra onde ir ou voltar é uma sensação que não desejo a ninguém. E tenho sentido ela a cada instante. O tempo tem corrido muito rápido.

Por tudo isso e muito mais, que em palavras jamais traduziriam os sentimentos e desesperos em detalhes, é que espero que você que chegou até aqui, e que revelou sua imensa sensibilidade, entenda e me ajude.

Muito obrigado!

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NOME: EDSON FERREIRA DA SILVA