O Núcleo de Educação Popular Uneafro Mabel Assis e o Coletivo Mãe Terra vêm a público repudiar veementemente o grave ataque covarde ocorrido na Aldeia Multiétnica “Filhos da Terra” localizada no Cabuçu, em Guarulhos.
Esse ataque ocorreu na manhã de 04 de abril, por volta das oito horas, em pleno domingo de Páscoa, quando seus moradores foram surpreendidos pelo fogo, sem condições de combatê-lo, já que suas construções eram erguidas por madeira, sapé e piaçava, favorecendo a maior propagação do incêndio.
Os indígenas viram locais sagrados construídos para a realização de cerimônias serem totalmente destruídos, além da própria mata que também foi invadida pelo fogo, desaparecer sob as chamas. Situada em uma reserva de mata fechada, as viaturas tiveram dificuldade de entrar para combater o incêndio.
A população indígena no Brasil sofre na mesma proporção que negros e LGBTQI + com o genocídio, que deixa de ser velado, e se torna público em plena luz do dia como forma de intimidação de seus algozes. Os indígenas da aldeia Filhos da Terra têm sofrido pela invisibilidade dentro do município de Guarulhos em sua situação de litígio, precariedade e completo abandono pelas autoridades municipais, estaduais e órgãos federais competentes. Tratando-se de uma área de retomada histórica e a única terra indígena dentro da cidade de Guarulhos, essa aldeia desponta como uma forma de resistência das gentes indígenas de nosso país.
Diante desse ato de completa barbárie e ignorância, prestamos nossa total e irrestrita solidariedade aos nossos irmãos indígenas e exigimos a reparação dos danos materiais e a investigação do Estado para que se apure e encontre os autores desse crime.
As vidas indígenas devem ser zeladas pelo Estado, que dispõe de órgãos com essa finalidade. Reivindicamos que todo o aparato existente de proteção e defesa indígenas seja destinado aos habitantes da aldeia Filhos da Terra. Não aceitamos que se naturalizem as violências sofridas por essa gente.