Vaquinha / Outros / Dinheiro

PositHIVas no Nepal!

ID: 475891
PositHIVas no Nepal!
0 coração recebido
COMPARTILHE ESTA VAQUINHA
7%
Arrecadado
R$ 575,00
de
Meta
R$ 8.000,00
Apoiadores
9
Você e a vaquinha concorrem a R$ 15 MIL
  • Sobre
  • Novidades0
  • Quem ajudou
Vaquinha criada em: 17/02/2019

Sobre o evento:  tem como proposta levantar o debate sobre as liberdades sexuais e reprodutivas e traçar estratégias que promovão os direitos humanos de todas as mulheres, meninas e pessoas trans. Fundado em 2000, o CREA é uma organização feminista de direitos humanos com base no Sul Global e liderada por feministas do Sul que trabalham nos níveis de base, nacional, regional e internacional... Infelizmente a bolsa é parcial e cobre somente a inscrição e alimentação! 

Minha tarefa política  no CREA 2019 é, além de divulgar o fenômeno da feminização da aids, aspecto importante para a informação e prevenção de mulheres, demonstrar os efeitos que as concepções morais sobre o feminino, sexualidade e relação conjugal produzem em relação à epidemia da aids.

<<<<<< a vakinha pretende auxiliar nos seguintes custos: R$6.463 da passagem + R$ 200,00 do visto >>>>>> 

Sobre a Feminização da epidemia de AIDS:  Mesmo com a descoberta da etiologia do vírus em 1984, apenas por volta da década de 1990 a contaminação de mulheres foi reconhecida como uma realidade evidente no mundo e no Brasil pela alta incidência de novos casos e de óbitos, passando a ser notificada pelo Ministério da Saúde, fenômeno chamado de feminização.

O Brasil foi um dos primeiros países a distribuir antirretrovirais à população desde o início da epidemia, e é ainda hoje é um dos únicos cuja distribuição é gratuita e universal graças a um Sistema de Saúde (SUS) pautado na lógica dos direitos humanos. Essa foi a principal razão para que o Brasil tenha alcançado status de referência mundial na resposta a epidemia de aids (em um passado não muito distante) e que os índices de mortalidade tenham diminuído por um período de 10 anos (1996 a 2006).

Estudos revelam que a ciência médica têm negligenciado dados relevantes que contribuem para disseminação silenciosa do vírus entre nós mulheres, por exemplo, na década de 1980, já após a descoberta da etiologia do HIV, realizou- se um estudo através de amostras de tecido e sangue armazenados, em que foram descobertos 6 casos específicos relacionados a síndrome e que ocorreram antes da década de 1970, entre eles, um marinheiro, sua esposa e sua filha na Noruega, que iniciaram o adoecimento nos anos 1960 e faleceram em 1973. Apesar de uma mulher e uma criança do sexo feminino estarem contaminadas, o caso não teve divulgação necessária, nem tomou relevância entre os estudos científicos.

No período entre 1981 e 1986, na área metropolitana de Nova York, o número de mortes de mulheres entre 15 e 44 anos por causas incomuns como pneumonia, tuberculose, septicemia e infecções parasitárias raras aumentou enormemente. No entanto, essas mortes ainda não eram tidas como consequência da aids, e apenas testes realizados em um momento posterior confirmaram que estavam relacionadas.

Em 2012, um estudo da PREP em mulheres foi interrompido pq houveram quase tantas infecções pelo HIV em mulheres que receberam o tenofovir/emitricitabina (TDF/FTC, Truvada) em comprimidos, como em mulheres que receberam pílulas de placebo. O Estudo não teve continuidade, e simplesmente foi engavetado sem que as causas em torno das infecções tenham sido discutidas de fato. Isso porque as diretrizes de direitos reprodutivos e sexuais tem sido extremamente negligenciadas quando o assunto é mulher vivendo com HIV, por exemplo, mulheres em uso de Dulotegravir deveriam ser recomendadas e assistidas ao uso do DIU para evitar malformações, mas os infectologistas pouco se importam quanto as interações entre antirretrovirais e as harmonizações (nem mesmo em mulheres tras, e como já dissemos, os homens trans ainda não estão nem contemplados nas políticas de AIDS).

Foi somente ao final da década de 1980 que houve um tímido incentivo à pesquisas, ações de educação pública, de prevenção e projetos de tratamento enfocando a mulher. Tais ações foram mobilizadas pelo fato de que durante a segunda metade da década de 1980, a aids se transformou na principal causa de mortalidade de mulheres em idade reprodutiva em muitas partes do mundo, como na África. Somado à isso, em 1990 houve um conflito em torno da inclusão da mulher nos ensaios clínicos com novas drogas de combate ao HIV, pois, em obediência à regulamentação emitida em 1977 pela FDA (Food and Drug Administration)1, mulheres em idade fértil (as mais afetadas pela epidemia) eram excluídas dos estudos até que fosse demonstrada a não teratogenicidade desses produtos, ou seja, a impossibilidade de ocasionar lesão em fetos.

<< Essas “não inclusão” acabou por determinar um impacto substancial sobre a não disponibilidade de novos produtos para as mulheres, prejudicando o efetivo acesso de mulheres gravemente enfermas a produtos essenciais à sua sobrevivência.>>>

Outro fator que merece destaque é em relação aos preservativos vaginais. O primeiro preservativo vaginal foi lançado em 1920, na Inglaterra. Todavia, o investimento em pesquisa e divulgação foi abandonado até 1987, quando uma equipe dinamarquesa de médicos coordenada por Lasse Hessel produziu uma nova versão, que também não se expandiu. Ainda Hoje mantem-se pouco conhecido e divulgado, sua utilização é ínfima, sendo irrisória entre as mulheres que desconhecem seu benefício, seu manejo, quiçá sua existência. A divulgação única e exclusiva do preservativo peniano coloca a mulher em uma condição de desvantagem: a decisão de cuidar de seu corpo carece de um acordo com o outro. (E nem estamos falando da crescente taxa de esterilização, principalmente em mulheres mais pobres e mais jovens. há uma disjunção entre práticas anticoncepcionais e de prevenção. Assim, a esterilização acaba subtraindo um elemento importante de motivação no uso da camisinha,: a anticoncepção.)

Em 2013, o Ministério da Saúde do Brasil realizou uma grande compra de preservativo feminino e retomou a sua disponibilização no Sistema Único de Saúde (SUS), contudo este ainda ocorre de maneira desproporcional em relação ao preservativo peniano e sem estratégias de divulgação, mantendo- o, então, na invisibilidade pelo pouco conhecido por mulheres em relação ao seu uso, seu acesso e seus benefícios.

Apesar do reconhecimento de que a aids também se estender à mulheres, verifica-se que a moralização da medicina incide na feminização da epidemia e nas práticas que envolvem a sexualidade feminina. Um exemplo disso é o desconhecimento do fenômeno da “feminização”, pouco difundido nos meios de comunicação e nas Unidades Básicas de Saúde.

A expressão “feminização” foi postulada teoricamente pela vigilância epidemiológica a partir de 1990, entretanto, diferentemente de outros termos que nasceram no campo científico, não se tornou um termo popular por meio da circulação de informações midiáticas, permanecendo obscuro e desconhecido ao público em geral.

Ao considerar os corpos femininos como objeto de controle rigoroso devido à função reprodutiva, a medicina realizou uma leitura binária da mulher, que direciona as ações médicas em relação à figura da mulher nos dias atuais.

Nós temos sido representadas pelo sistema médico sob duas perspectivas: ora como puta, ora como procriadora. Em outras palavras, as moças com vida sexual ativa, logo, más, são aquelas que estão sob risco eminente, enquanto as moças boas, “de família”, são associadas à procriação, imunes a doenças “transgressoras”. Assim, mulheres jovens com vida sexual ativa e que não trabalham com o sexo, acabam resumindo-se a exames preventivos, não tendo acesso ao exame de aids, tampouco a educação sexual de planejamento familiar. Muitas são orientadas a tomar anticoncepcionais para evitar a gravidez e apenas são relacionadas à possibilidade de aids durante o período da gestação, no tratamento pré-natal.

Esta leitura dicotômica da mulher faz com que os programas médicos sejam relacionados essencialmente a saúde da mulher para a maternidade, paradigma que faz com que as campanhas preventivas não abordem a temática da aids como assunto de família, mas como um vírus perigoso que afeta àqueles transgressores.  Logo, a maioria das campanhas se restringem as “profissionais do sexo” e aos homossexuais, especialmente em datas festivas, como o carnaval.

Este imaginário de que a mulher está protegida de uma possível doença transmissível ocorre justamente por uma questão cultural em que não se associa a mulher ao sexo. Nem mesmo quando autorizada a transar pela união estável, a mulher aparece como vulnerável ao risco, pois o casamento aparece com uma ilusória proteção, pautado no ideal de monogamia.

É necessário sustentar as campanhas e prevenções ao risco de contaminação ao HIV a partir de outras bases, ou seja, bases que acolham a diversidade de formas de viver. Deste modo, faz-se necessário produzir políticas que levem em consideração as diversas formas de ser mulher e os também diversos usos que as mulheres fazem de sua sexualidade. E acima de tudo, apostar na potência, autonomia e na capacidade denós mulheres em administrarmos nossas vidas, nossas escolhas, nossas relações.

Em resumo, o que queremos é chamar atenção para o quanto o machismo estrutural impossibilita os avanços no combate a Aids. E isso se dá devido a "adesão ao tratamento" e “prevenção” serem mantras repetidos sem uma reflexão pública e acessível sobre os diversos fatores sociais que os influenciam... Entendemos que enquanto a sexualidade feminina não for dessacralizada e a violência de gênero for banalizada, as mulheres continuarão liderando as mortes por complicações da AiD$...

Os números frios da epidemiologia não podem limitar o nosso olhar sobre tal epidemia. Para ultrapassar esses limites devemos voltar esse olhar para as realidades locais e romper com as violências estruturais que alimentam a Aids…

 

Você e a vaquinha concorrem a R$ 15 MIL
AVISO LEGAL: O texto e as imagens incluídos nessa página são de única e exclusiva responsabilidade do criador da vaquinha e não representam a opinião ou endosso da plataforma Vakinha.
Fale conosco
(51) 3500-0299
De Segunda à Sexta
Das 9h30 às 17h
Baixe nosso App
© 2024 - Todos direitos reservados