Quer saber porque começamos uma Vakinha pro parto?
Vou contar.
Foi no começo de 2017 que nos mudamos pra Lumiar. Pela segunda vez.
A nossa vinda pra esse lugar marcou o começo de um novo ciclo para a nossa família, o nascimento do nosso pequeno empreendimento, totalmente familiar: a Floê.
Da primeira vez que viemos pra Serra pra fazer nascer um ofício familiar, 4 anos atrás, nossos planos foram radicalmente frustrados. Sabe essas peças que a vida prega sempre que temos muita certeza de algo? Dessa vez, aconteceu de Felipe sofrer um acidente de moto no dia da nossa mudança.
Eu puérpera, Cecília tinha 1 mês, Maitê com 3 anos e Felipe precisando de todos os cuidados pós-acidente. As economias que tínhamos pra começar nossa pequena produção artesanal de roupas infantis, a Capim, se tornaram o custeio básico da vida. E aí aconteceu que a vida nos conduziu pra caminhos muito distantes do que tínhamos mirado. Aprendemos a seguir com o fluxo, a Capim ficou pra trás e novos aprendizados surgiram em novos lugares.
3 anos depois, voltamos à Serra do Rio de Janeiro. Dessa vez pra materializar a Floê. Tínhamos encontrado um ofício prazeroso e gratificante que poderia finalmente ser a fonte de renda da nossa família, mas dessa vez não tínhamos recursos guardados pra começar.
Depois de um ano de apertos e sacrifícios financeiros, veio a notícia de que Martim estava a caminho.
A aceitação da notícia foi lenta, dolorosa. Pediu que rasgássemos, de novo, o roteiro da vida planejada pra abraçar os floreios da vida vivida. Trouxe catarses e terremotos que reconfiguraram a nossa família, antes de chegar a calmaria e a aceitação de que já havia amor por esse serzinho que estava pedindo pra ser recebido por nós.
Aí veio coragem, força, resiliência. Veio uma rede de apoio. Vieram respostas.
Essa Vakinha foi uma das respostas pra nossa inquietação sobre como seria possível, diante de tanta instabilidade financeira, arcar com os custos de um parto domiciliar - um momento tão desejado e que parecia tão fora do alcance. Gratidão a vocês!
O AGORA
Está se aproximando o fim da jornada intrauterina de Martim. Em alguns dias, nosso menino vai desabrochar para a vida no mundo, e estamos cuidando de todos os preparativos com o coração transbordante!
Sonhamos recebê-lo num parto domiciliar tranquilo, cercado pelo pai e pelas irmãs, e com a presença de profissionais hábeis pra nos resguardar das intempéries dessa viagem. Por isso escolhemos uma equipe de enfermeiras obstétricas e doulas, mulheres-guardiãs, que tornarão possívei a total entrega ao processo do parto com a certeza de que estamos sob olhos atentos e mãos hábeis.
Faz parte do planejamento do parto domiciliar a escolha de um plano B, que é eleger um hospital para o caso de necessidade de transferência. Sabemos* que a realidade obstétrica hospitalar (pública e particular) do Brasil não é favorável para o nosso desejo de cuidados respeitosos durante o parto e com o bebê nos momentos logo após o nascimento. Por isso optamos por nos deslocar no último mês da gestação da nossa casa em Lumiar, Nova Friburgo (interior do RJ) para uma casinha temporária na cidade do Rio de Janeiro, nas proximidades da Maternidade Maria Amélia Buarque de Hollanda - atualmente o hospital de referência para nascimentos com atenção humanizada no Rio de Janeiro.
E, como seus outros irmãos e irmãs, desejamos para Martim o uso de fraldas de pano reutilizáveis. Já viu como são lindas? Elas deixam a pele respirar evitando assaduras e dermatites, ensinam sinais sobre seus processos fisiológicos e tem tamanho ajustável, o que faz com que possamos investir uma única vez e elas o acompanharão até o seu desfralde alguns anos depois.
OS VALORES
Todas as profissionais remuneradas por essa campanha são mulheres, algumas mães, todas amigas, de extrema confiança e amor pelo que fazem. Algumas recebem bebês no mundo, outras ficam ao lado da mãe enquanto ela atravessa o portal que é parir, outras usam suas mãos para fabricar coisas que façam da vida de um novo ser no mundo uma experiência mais suave e segura. Queremos honrar o trabalho e o conhecimento de cada uma delas, agradecendo pela chance de as ter conosco amparando a chegada do nosso Martim.
Assim, chegamos nos seguintes valores: Equipe de Enfermeiras Obstétricas: 6.000,00 Doula: 1.400,00
1 mês de aluguel de apartamento no Rio de Janeiro: 1.600,00
Fraldas de pano: 300,00
Sub total: 9.300,00
Taxa do Vakinha (6,4%) 595,20
Total: 9.895,20
Com muito amor, agradecemos a nossa rede de amigos e irmãos!
Somos:
Martim, o nascente
Laura e Felipe, os geradores
Tito, Maitê, Maya e Cecília, os irmãos
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* Sobre os índiices de violência obstétrica no Brasil: https://aviolenciaobstetrica.wordpress.com/dados-estastisticos-violencia-obstetrica/