
Mawtini - Uma viagem à Palestina
Mawtini - Uma viagem à Palestina, é um projeto que busca enxergar vidas palestinas, histórias palestinas. Histórias de luta, resistência e afeto. Trajetórias de mulheres, mães, filhas, irmãos, famílias, militantes, histórias de pessoas. Mawtini é uma viagem pelas casas e ruas palestinas, pelos conflitos e também pela resistência. Uma viagem pela busca do direito de viver.
O projeto tem como objetivo a viagem à Palestina e publicação de um e-book. Com trajeto pelas cidades de Jerusalém, Ramallah, Hebron, Nablus, Beit-Jala, Belém e também por vilarejos palestinos, Mawtini é uma viagem pelo cotidiano dessa gente. O objetivo desse percurso é contar a narrativa dessas vozes palestinas, compartilhar as trajetórias de um povo que "jamais se deixou submeter".
E-book
"Mawtini - Uma viagem à Palestina" será um presente a todos os colaboradores que ajudarem nesse projeto. Para a realização de tal obra, será reunido, em forma de livro (e-book), as histórias de algumas pessoas entrevistadas durante a viagem, além de uma breve análise histórico antropológica sobre a Palestina.
As entrevistas e narrativas serão escolhidas com o intuito de demonstrar, através da vida cotidiana, a história da terra Palestina, de conflitos a afetos, da luta e resistência à vida rotineira.
A viagem será realizada em julho de 2020 com publicação prevista até o final do ano vigente.
Primeira Meta:
A primeira meta desse projeto consiste no custeio da viagem à Palestina, incluindo passagem e hospedagem, deslocamento interno, e possíveis taxas de visto.
*No caso de atingir somente a meta inicial a realização do e-book será feita integralmente pela autora.
Orçamento:
Total Viagem: R$ 6.000,00.
Segunda meta:
Caso ultrapassada a primeira meta estabelecida, o e-book será confeccionado via editora. *
Orçamento:
Total E-book: R$ 4.200,00
Total Geral: R$ 10.200,00
Realizadores
Bárbara Caramuru é antropóloga e historiadora. Graduada em História pela Universidade Federal do Paraná, UFPR, Mestra em Antropologia pela mesma instituição. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da UFSC. Atualmente dedica-se ao trabalho com Palestinos e auto-reconhecimento identitário palestino no Chile, Brasil e Palestina. Autora da dissertação “La tierra palestina es mas cara que el oro: Narrativas palestinas em disputa”, 2015, e de outros artigos disponíveis na internet. Militante da causa palestina há 12 anos, ela acredita no direito a autodeterminação, no Estado Palestino e na libertação desse povo.
Endereço para acessar este CV: http://lattes.cnpq.br/9925691058602976
Palestina: um breve contexto
A história da Palestina é conhecida como uma história de sucessivas ocupações. Entender o passado dessa terra ajuda a compreender a Questão Palestina.
No início do século XX, após o desmoronamento do Império Otomano, no pós-Primeira Grande Guerra, iniciou-se o período mandatário britânico. Vários acordos foram feitos junto aos nativos palestinos e aos ocupantes judeus durante o período da Primeira Guerra, no intuito de enfraquecer o Império (HOURANI, 2006). Após a Primeira Guerra Mundial, mediante o acordo de Sykes Picot, em 1916, foi estipulado que o governo britânico teria o controle sobre o território que corresponde atualmente à Palestina e Iraque e o governo francês sobre a atual Síria e Líbano. O acordo, privilegiava os interesses britânicos que em negociatas com os sionistas fundamentaram a Declaração de Balfour, que veio a legitimar os interesses sionistas. (SCHIOCCHET, 2011, p. 15).
Na sequência dos grandes fatos, após a Segunda Grande Guerra, em 1947, a recém-criada Organização da Nações Unidas, proveniente da Liga das Nações, realiza a partilha da terra Palestina, criando o Estado de Israel como uma “medida internacional de equiparação do holocausto judeu”. Em 1948 aconteceu a Nakba, traduzido do árabe para o português como “A Catástrofe”, a qual marca o mês de maio de 1948, quando Israel exilou 80% da população palestina. Após essa partilha, de toda extensão territorial originalmente palestina, na qual os palestinos ocupavam no período anterior a Nakba cerca de 90% das terras, apenas Gaza e Cisjordânia ficaram dentro do que pretendia-se efetivar como Estado Palestino, conforme interesses externos. Deve-se ressaltar que os nativos palestinos se opuseram ao processo de partilha desde seu início. Parte significativa da população, cerca de 700.000 à 800.00 palestinos passaram a condição de refugiados. (CLEMESHA, 2009, p.7,8)
É notória a intenção do sionismo moderno, que precede os fatos acima citados, de ocupação do território palestino através da limpeza étnica. Na segunda metade do século XIX, o escritor austríaco Theodor Hertzel escreveu as bases do sionismo moderno na obra conhecida como “Der Judenstaat”, ou seja, “O Estado Judeu". Nela, Hertzel propõe a criação de um lar nacional para os judeus, tendo sido uma das propostas dessa efetivação criá-lo na Palestina. O autor não poupou detalhes em seu diário quanto à forma de efetivação e os meios possíveis para tal, dentre tais a “transferência da população árabe autóctone para além da fronteira do país” uma “expulsão da população miserável”, negando a estes acesso e emprego dentro do país (CLEMESHA, 2009, p. 06).
Podemos visualizar, no mapa, as implicações da partilha realizada na região, a partilha do território palestino pela Organização das Nações Unidas, ONU, em 1947. Essa, por sua vez, destinou 11.000Km para 1 milhão de palestinos e 14.000Km para aproximadamente 700.000 judeus.
Todavia, como vemos na imagem a proporção de terras palestinas ocupadas por judeus israelenses tem aumentado significativamente ao longo dos anos, em parte em virtude da ocorrência da Al-Nakbah, como também já esboçamos, e, por outro lado pelas continuidade da ocupação dos colonos judeus dessa terra, pautada na crença na ideologia sionista e amparadas pelos Estado israelense, o qual tem promovido a limpeza ética palestina ao longo dos últimos setenta anos (PAPPE, 2004). Vejamos o mapa citado:
FIGURA I: Mapa da ocupação palestina:

Esse breve resumo nos possibilita compreender a necessidade desse e dos demais projetos que buscam escrever a contrapelo da narrativa predominante, uma história palestina.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARAMURU, B. “La tierra Palestina es más cara que el oro": narrativas palestinas em disputa. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia-PPGA, UFPR, Curitiba, 2017.
CLEMESHA, Arlene E. Da ideia de transferência à realização da limpeza étnica: contribuições da nova historiografia israelense e palestina. PUCVIVA 34, Janeiro/Abril, 2009
HOURANI, A. Uma história dos povos árabes. São Paulo: Companhia das letras, 2006.
SCHIOCCHET, L.Admirável Mundo Novo: O extremo Oriente Médio, a construção do Oriente Médio e a Primavera Árabe, 2011.
PAPPÉ, Ilan. The 1948 Ethnic Cleansing of Palestine. Em: Journal of Palestine Studies Vol. XXXVI, No. 1. University of California Press, 2006
*No caso de atingir somente a meta inicial a realização do e-book será feita integralmente pela autora.