FORMATURA JOÃO VITOR

Oi, pessoal. Espero que estejam bem ao lerem esse texto. No mês de novembro de 2024, encerro um grande propósito que estimei para minha vida: me graduar em medicina. Enfim, finalmente serei médico pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), da qual levarei em meu cerne todo orgulho, honra e glória dessa instituição e de seus mestres, ainda mais por estar entre os poucos que tiveram o direito de usá-la e entre os muitos que já passaram por aqui. 

Me chamo João Vitor de Souza Paulo, sou natural de Conselheiro Lafaiete – MG e atualmente resido em Juiz de Fora – MG. Por vezes, reflito sobre o porquê fiz deste o meu caminho. Talvez por tentativa de amenizar a incurável dor da perda que convivo desde cedo na minha existência, ou mesmo pela dádiva altruísta de aliviar o sofrimento terreno. Ainda que vivendo condições desafiadoras, o garoto sonhador que fui, com sua inestimável força, nunca desacreditou que isso fosse factível. 

O término da minha infância foi marcado por uma conjuntura dolorosa, visto que, para quem desconhece, um pilar da minha essência “caiu” aos meus 12 anos. No dia 20 de novembro de 2010, perdi, para o câncer, minha mãe, aos seus 37 anos, uma jovem, forte e grandiosa mulher, brilhante professora e que oferecia muito amor aos seus filhos e família. Desde então, é desagradável celebrar vitórias e chorar derrotas sem a sua presença, sem o seu abraço. Até nessa época, mesmo com tão poucos anos de convivência conosco, foi o suficiente para nos transmitir valores e ensinar as divinais virtudes da existência terrena. Por muito tempo, perguntei-me o que “seria” de mim e de minha irmã tão novos e sem ela, como lidaria com toda responsabilidade que chegara e com aquele profundo vazio que dilacerava as dimensões da alma. Após anos de amadurecimento, cultivando sua essência, pude encarar meus medos e erguer minhas conquistas com base no amor. Fico lisonjeado quando lembro-me de sua pessoa e da incrível Mãe que foi a nós, fonte de minha inspiração, e que hoje certamente está reluzindo no céu por ver seu filho ser o primeiro médico da família.

A escola médica exige de seus alunos esforço e dedicação quase que exclusivos, com alta carga horária de aulas e estágios em cenários de saúde, numa jornada de 6 anos (12 períodos), com o auspicioso objetivo da excelência profissional dos egressos. Além da intensa entrega a esse ofício, os anos estudando longe de casa e num curso com horário integral (dia inteiro) torna tudo isso muito dispendioso financeiramente e impossibilita conseguir um emprego no horário comercial. Sempre soube que o caminhar pela educação superior e pelo crescimento pessoal e profissional é desigual em nosso país. E não destoante disso, venho de uma família que lutou arduamente desde o início junto a mim para que tudo isso hoje fosse realidade, principalmente o meu pai, que trabalha como vigilante e não poupou esforços para meus estudos. Mesmo em momentos de aflição em que me deparei com portas fechadas e vivi condições econômicas claramente desfavoráveis à minha continuidade, tive anjos que me acolheram em meio aos dias sombrios e incertos, dias nos quais somente enxergava a impossibilidade de permanecer em Juiz de Fora e ter, portanto, de me afastar da faculdade. Durante a trajetória, tive a oportunidade de trabalhar no Cultural Bar aos fins de semana na cidade de Juiz de Fora. O Cultural, por muito tempo, além de fonte de subsistência, tornou-se uma casa para mim, e todos os amigos também funcionários que lá conheci foram minha família em Juiz de Fora. Conciliar o trabalho com a faculdade foi uma missão bastante exaustiva, ainda mais pelas atividades/eventos do bar ocorrem no período noturno/madrugada. No entanto, olho para traz e sinto enorme orgulho de mim e de toda minha força para conseguir me manter em Juiz de Fora. Por fim, sinto extrema gratidão a Deus e ao Universo por ter colocado em meu caminho pessoas de tamanha luz e bondade no coração.

Criei essa Vaquinha Online por se aproximar a data da minha formatura e eu ainda ter a esperança de poder celebrar, junto aos meus colegas de turma, esse momento mágico do fim de uma jornada importante de nossas vidas. Durante os últimos anos, vi-me impedido de entrar no fundo de formatura e pagar suas mensalidades, haja vista minhas limitações econômicas e os altos valores cobrados/arrecadados no fundo de formatura das turmas de medicina. Mesmo trabalhando, sempre foi impossível sobrar uma quantia para participar da solenidade. Diante disso, venho aqui por meio deste texto pedir ajuda para poder realizar esse sonho de participar das festividades da minha turma. Poder viver esse momento em comunhão com minha família e amigos é meu objetivo com essa arrecadação. Hoje, a somatória do montante final individual do fundo de formatura mais os gastos com as fotos e trajes de gala totalizam em torno de R$25.000,00. Infelizmente, minha família não possui condições de arcar com os valores. Assim, finalizo esse texto pedindo de coração sua ajuda para a concretização desse sonho, que é uma forma de dedicar toda essa conquista à minha maior memória: minha mãe. Qualquer quantia é válida e bem-vinda! Muito obrigado.

Quero compartilhar com vocês um diálogo de um filme que sempre me inspirou e me deu forças para seguir em frente:

“Nunca deixe que alguém te diga que não pode fazer algo. Se você tem um sonho, tem que protegê-lo. As pessoas que não podem fazer por si mesmas dirão que você não consegue. Se quer alguma coisa, vá e lute por ela. Ponto final” – À Procura da Felicidade.

Atenciosamente,

João Vitor de Souza Paulo 

Acadêmico do 6º ano de Medicina – UFJF Campus JF