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Exemplo da periferia de Brasilia em Samambaia, Walisson supera

ID: 119791
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Criada em: 09/02/2017
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Exemplo da periferia de Brasilia em  Samambaia, Walisson supera o preconceito vai ser advogado

Quem vê Walisson dos Reis Pereira de terno e camisa social no ponto de ônibus lendo um livro de direito logo percebe mais um entre os universitários à espera da condução na W3, perto da Faculdade Upis, na 712/912 Sul. A diferença é que, para o rapaz de 30 anos, a vida sempre foi muito mais complicada. Se hoje o paletó incomoda sob o calor de Brasília, teve épocas em que o dia a dia do futuro advogado era marcado pela falta de um cobertor e pelas noites ao relento, sobre o chão frio da Rodoviária do Plano Piloto.De volta aos estudos em 2012, o rapaz ia para a escola pela manhã. Depois, passava a tarde na biblioteca. À noite, voltava para a Rodoviária, onde dormia e pedia dinheiro. No mesmo ano, concluiu o ensino médio, continuou estudando na biblioteca da escola e conseguiu um bico de entregador de panfleto. Passou a ganhar R$ 20 por dia e, assim, alugou um quartinho na casa de uma senhora em Samambaia.Das ruas ao curso de direitoApesar da enorme superação, o rapaz ainda não tinha alcançado outro objetivo: faltava entrar na faculdade. Em 2013, Walisson passou a estudar mais e prestou o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Com a boa nota, conseguiu vaga em uma universidade particular e o financiamento do curso por meio do programa do governo federal, o Fies. Atualmente, ele está no oitavo semestre e, além de cursar direito, é estagiário da Casa Civil, no Governo do Distrito Federal (GDF).Hoje, o universitário ganha R$ 760 no estágio. Desse valor, R$ 500 são usados para pagar o aluguel da quitinete onde vive, em Samambaia. O que sobra vai para a alimentação, o transporte e o material da faculdade. Para se manter sempre bem vestido, conta com a ajuda de amigos e colegas, que sempre doam algum terno, gravata e pares de sapato.

Um ex-morador de rua do Distrito Federal trocou o chão frio da Rodoviária do Plano Piloto, no centro de Brasília, pelo calor das bibliotecas da cidade. Com o sonho de fazer faculdade, Walisson dos Reis Pereira, 30, voltou a estudar, abandonou as ruas, fez o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio e passou no curso de direito de uma universidade particular. Hoje, no oitavo semestre da graduação, ele trabalha como estagiário da Casa Civil, no Governo do Distrito Federal.

Nascido no interior de Minas Gerais, o estudante foi criado pelos avós até os 18 anos e não chegou a completar o ensino médio na época. Como almejava um diploma de ensino superior, decidiu se mudar para Brasília e passou a morar com o pai. Infelizmente, a aproximação com o familiar não foi o que esperava.

"Meu pai me batia sem motivo, era muito violento. Sofri muito durante esse tempo. Até hoje, não nos damos bem. Preferia passar frio, preconceito, pedir esmolas e até passar fome do que morar com ele", lembra o rapaz que, cansado da violência, fugiu de casa e passou a morar na rodoviária da cidade.

Entre as amizades com comerciantes e passageiros da rodoviária, certo dia Walisson conheceu um idoso que havia decidido pagar um lanche para ele. Foi aí que conversaram sobre o futuro e o ex-morador de rua confessou o desejo de voltar a estudar.

"Eu sempre quis terminar o ensino médio, ficava folheando as revistas e livros de uma banca de jornais que fica por lá [Rodoviária do Plano Piloto]. Então, contei para o senhor que havia procurado uma colégio para concluir os estudos, mas como não tinha residência fixa, não conseguia ser matriculado. Ele então me deu uma conta de luz. Foi o dia mais feliz da minha vida", conta.

No mesmo dia, o Walisson pegou um ônibus, com dinheiro obtido por esmolas, e foi até o Centro de Educação de Jovens e Adultos na Asa Sul se matricular.

Era o ano de 2012 e o jovem iniciou uma rotina árdua de estudos. Acordava às 5h, ia para a escola e depois passava à tarde toda na biblioteca. Já à noite, por volta de 22h, voltava para dormir na rodoviária.

"Eu nunca desisti de estudar, mesmo nas dificuldades. Queria me esforçar cada dia mais, para sair daquela situação, entende? Tanto que no mesmo ano conclui o ensino médio. Depois, consegui um emprego como entregador de panfleto. Ganhava R$ 20 e aluguei um quarto em Samambaia. Isso foi em 2012", relembra.

Da rua para a faculdade

Após conseguir sair das ruas e ter o próprio espaço, o estudante decidiu que persistiria no sonho de infância: entrar em uma faculdade. Durante um ano, ele frequentou bibliotecas públicas e se preparou para o Enem.

"Eu sabia das minhas dificuldades. Mas sempre pensava: 'os outros candidatos têm internet em casa, mais estudo. Não posso ter preguiça, né? Tenho que estudar todos os dias'", lembra.

Com o esforço, veio o resultado. Walisson garantiu uma vaga numa universidade particular da região. A pontuação no Enem também assegurou o financiamento do curso de direito por meio do Fies (Fundo de Financiamento Estudantil).

Apesar da história de superação, o estudante confessa que não gosta de contá-la para professores e colegas. "Muitos nem sabem o que eu passei. Vão saber agora com a reportagem", brinca. "Eu sei que tem muita gente metida em faculdades particulares. Fiquei com medo de me acharem coitadinho e ficarem com dó. Eu estou onde estou porque me esforcei."

Vaquinha para a formatura

Para fechar com chave de ouro a conquista da graduação, Walisson sonha com a festa de formatura, que será realizada no ano que vem. O problema é o gasto que ele terá com a festa.

Financeiramente, a vida do jovem continua com altos e baixos. Ele ganha R$ 760 no estágio. Desse valor, R$ 500 são usados para pagar o aluguel da quitinete onde vive. "O que sobra [quando sobra] eu uso para comer, andar de ônibus e tirar cópia das apostilas", conta.

Por isso, o rapaz resolveu fazer uma que precisa para pagar o baile, fotos, roupas e a colação de grau.

Depois que se formar, o estudante espera passar em um concurso público para o cargo de defensor público. O motivo? Ajudar pessoas de baixa renda. "Muita gente não sabe os direitos que têm. Por isso, quero ajudá-los." 

Sonho da formatura Entre tantos desafios, Walisson tem mais um pela frente — juntar dinheiro para realizar o sonho de participar da festa de formatura. O jovem concluirá a faculdade no fim do ano que vem, mas a turma já está contratando os serviços para a cerimônia. Segundo ele, entre baile, colação, aula da saudade, fotos, roupas e demais despesas, a fatura fica em torno de R$ 9 mil.Quem quiser ajudar o universitário pode entrar em contato pelo telefone (61) 98314-7544. Ou mesmo depositar na conta dele no Bradesco: agência 0606-8, conta corrente 17586-2.
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