Entrei em 2008 na universidade pública, onde – em 2010 – consegui uma bolsa de iniciação científica. Confesso que, vindo do interior do estado, eu tinha dúvidas se era mesmo um lugar pra mim: eu nem imaginava que um dia poderia fazer doutorado. Mesmo assim, desde aquela primeira experiência em pesquisa, tenho me debruçado sobre questões ambientais, especialmente em interface com a agricultura. Esta jornada tem sido repleta de bons encontros e desafios: hoje curso o doutorado em Sociologia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Em meu trabalho de tese busco investigar a expansão (e internacionalização) da fronteira agrícola brasileira, em especial a partir de um programa de cooperação internacional que envolve Brasil, Japão e Moçambique. Ao observar como o desenvolvimento “acontece”, é possível entender como as várias pessoas, o dinheiro público e privado, a natureza do cerrado e da savana, entre outros elementos, se associam, criando possibilidades e rupturas. Isto é importante para que este e outros programas possam levar em consideração as diferentes formas de se existir no mundo e os conflitos que podem emergir de determinados encontros.
São justamente as diferentes formas de existir e suas relações com a natureza que o professor Philippe Descola investiga – o trabalho dele é uma de minhas principais referências. Agora ele aceitou me receber e supervisionar por um período, o que é um sonho realizado! Serei pesquisadora visitante junto ao Laboratoire d'Anthropologie Sociale (LAS), que foi fundado por Claude Lévi- Strauss e é vinculado a duas importantes instituições: o Collège de France e a École des Hautes Études en Sciences Sociales.
Os recentes cortes de bolsas dos programas que financiam estágios doutorais no exterior, para os quais eu venho me preparando há bastante tempo, foram desestimulantes e 2019 é o último ano para que eu realize este intercâmbio. O aceite do LAS e do professor Descola reacenderam a vontade de compartilhar o que venho construindo e, principalmente, aprender ainda mais.
Infelizmente não consegui recursos junto às instituições brasileiras, mas sabendo da importância desta experiência, irei por um período reduzido. Paris é uma cidade de alto custo e por isso criei esta vaquinha, a fim de pedir ajuda aos amigos.
Se você chegou até aqui, agradeço pela atenção! Fica o convite para colaborar com qualquer valor, caso você se sinta confortável em contribuir; as boas energias e a torcida também são muito bem-vindas. Gratidão!