Felipe Pedroso Reisdorfer
D.N.: 18/11/2003
Peso: 780g
Estatura: 30 cm
Felipe nasceu com 5 meses de gestação, após um sangramento repentino que acabou apontando perda total de líquido.
O parto foi feito 3 dias depois, após uma leve contração.
No dia seguinte entrei na UTI neonatal e me impressionei com a transparência da pele dele, eu conseguia ver seus ossos e veias. O Felipe estava no respirador, com sonda para alimentação, não havia aberto os olhos ainda que estavam colados e seu pulmão ainda estava incompleto. A boa notícia é que até aquele momento não havia nenhuma infecção instalada e Graças a Deus ele não teve infecções depois também.
Foram dois meses de UTI em Toledo, com o fisioterapeuta usando cotonete para estimular os primeiros exercícios físicos. A pediatra, descolando e abrindo seus olhos, diversas picadas para medicação e exames que deixaram marcas até hoje em suas mãos.Muitas tentativas frustradas de tirar o oxigênio e a cada tentativa uma parada respiratória.
Ao longo do tempo e sem conseguir respirar sem o aparelho, resolvemos transferi-lo para Curitiba. mas a equipe daqui achava que ele não suportaria a despressurização do avião e também não queria liberá-lo antes de fazer um teste de fibrose cística, doença que pode causar a dificuldade respiratória que ele apresentava. Fizemos o exame, que deu negativo.
Com esse resultado, fizemostransferência do Felipe para o Hospital Pequeno Príncipe de Curitiba. Viagem difícil, pela fragilidade dele e tensão de todos nós.
Chegando lá, o Felipe foi direto para a UTI neonatal para ser estabilizado após o longo descolamento, e no dia seguinte fez uma bateria de exames, que acusaram a lesão cerebral já instalada, problemas pulmonares causados pela fragilidade e pela força com que o oxigênio entrava em seu pulmão e a dependência química do oxigênio.
Em Curitiba, o Felipe foi melhorando, permaneceu 4 meses e nesse período fez 3 cirurgias nos olhos para evitar uma cegueira causada pelo próprio oxigênio.
Lá foi feito o “desmame” do respirador, como uma desintoxicação química. As primeiras vezes em que o Felipe teve que respirar sozinho, já com uns 4 para 5 meses, ele respirava um pouco e depois esquecia de respirar, porque estava acostumado a receber oxigênio.
Ao final de 6 longos meses o Felipe saiu da neonatal, exatamente no dia 18/05/2004, com diagnóstico de um tipo específico de paralisia cerebral, sequelas na visão por causa do oxigênio, e sequelas pulmonares.
Pouco tempo depois que voltamos para Toledo o Felipe adoeceu e precisou ser internado no plantão aqui.
Em um determinado momento, as enfermeiras foram colocar uma sonda de alimentação no Felipe, e lá veio mais uma parada respiratória. Ao me verem desesperada, as duas falaram que era normal e ele já iria se acostumar. Mas não passou, ele foi ficando mais roxo, mais sem ar, e na sua última e desesperada tentativa de respirar, todas nós vimos à cânula enrolando obstruindo totalmente sua garganta e só nesse momento as duas removeram o equipamento e ele voltou.
No mesmo dia,cobseguimos uma vaga para o Felipe na UTI do hospital Dr. Lima de Cascavel. Foram mais 15 dias de oxigênio e angústia, mas de lá o Felipe saiu bem e veio para casa.
Depois disso, começou a nossa rotina de exames, terapias, internamentos por complicações pulmonares, etc...
Através dessa reabilitação ele conquistou uma boa independência em relação a estar sem familiares em alguns ambientes, cadeiras adaptadas que preveniram deformidades graves, acompanhamento escolar, neurológico, e pediátrico.
Atualmente, o Felipe tem 11 anos e 11 meses, fala muito bem, compreende o mundo à sua volta e interage muito bem. Está no momento de estirão do crescimento e pré-adolescência, o que aumentou significativamente a instalação de deformidades e sua irritabilidade.
Ele é uma criança muito alegre, com muita energia, mas que sofre por não poder fazer nada sozinho. Tem dificuldade de manipular as coisas e acaba deixando cair tudo que pega. Não tem equilíbrio de cabeça e tronco. Na escola está na sétima série, mas ainda não está totalmente alfabetizado. Claramente, sua idade maturacional não é igual à cronológica.
O objetivo do tratamento é melhorar sua qualidade de vida.
Ao final do tratamento espera-se que o Felipe possa comer sozinho, tomar banho sentado e sozinho, fazer transferências da cadeira de rodas para outros lugares, usar o computador sozinho, enxergar melhor e ter uma mobilidade maior.