
Estamos pedindo a ajuda dos amigos, componentes e simpatizantes, para concluirmos nosso Carnaval 2023, desde já, GRATIDÃO!!!
NOSSO ENREDO:
Sociedade Esportiva e Recreativa Embaixadores do RitmoCarnaval 2023RAÍZES – DE ONDE VEM NOSSA ANCESTRALIDADE?
A partir da pergunta que dá título ao tema-enredo proposto para o Carnaval de 2023, a Embaixada chega na avenida mostrando os resultados de um olhar para o passado como forma de compreender o presente e criar força para dar seus próximos passos rumo ao futuro. O início dessa trajetória chega partindo de uma linha de pensamento fundamental: o Brasil é a casa de muitas Áfricas. E não, não somos descendentes de escravos! Somos descendentes de rainhas, reis, nobres e trabalhadores livres de diferentes áreas. Somos fruto de povos que vieram forçadamente para um outro Continente. Temos nossas origens em terras africanas, e não nos porões de navios, como, por muito tempo, a chamada “História oficial” nos fez pensar, abalando a auto estima de gerações e mais gerações do povo preto do Brasil. Destacando que as bases culturais afro-brasileiras tiveram origens que remontam para tempos muito anteriores aos horrores do século XVI, a Verde e Branco chega na avenida com uma informação científica comprovada: TODA A POPULAÇÃO MUNDIAL SE ORIGINOU DO CONTINENTE AFRICANO. No território onde atualmente é a Etiópia foi encontrado o primeiro fóssil ancestral: Lucy, como foi chamada pela comunidade científica, é dona dos vestígios humanos mais antigos datados até hoje pela ciência. Assim, quando falamos em “Mama África”, estamos, de fato, falando em um dado: a África é o ventre que povoou a Terra. Em seguida, passamos para as narrativas religiosas de criação do mundo, afinal, tanto na mitologia Yorubá quanto na mitologia Bantu (ambas culturas que chegaram ao Brasil), as origens do mundo são explicadas por meio de Olorum, Orixá portador da energia de toda a criação, que vem seguido pelas mães da humanidade: as Yabás, que carregam filhos e filhas em suas costas e sustentam, com sua força, o peso do Planeta. Na sequência, a Embaixada apresenta a arte tribal africana, seguida de uma veneração a um dos maiores reinos existentes no continente africano: O Reino do Congo. Ainda num clima de realeza, abrimos passagem para riquezas minerais do solo africano, sobretudo de Gana. Em homenagem à princesa congolesa e líder militar Aqualtune, apresentamos uma reverência a esta que, após ser traficada para o Brasil, tornou-se mentora estrategista de Zumbi dos Palmares e de Ganga Zumba. Embalados pela celebração de uma História africana positiva, destacaremos, também, áreas do conhecimento que foram criadas dentro de território africano e que pouco são mencionadas pelo olhar europeu: Medicina, Arquitetura, Engenharia e Astronomia são alguns dos campos comprovadamente desenvolvidos pelos ancestrais do povo negro brasileiro, e que serão trazidos para a avenida, afinal, a ciência é preta!Embora nossa intenção aqui seja de pensar nas raízes africanas que originam a negritude brasileira de um ponto de vista afirmativo, é impossível não falar no processo de vinda do povo preto para essas terras. Essa migração forçada, a chamada “diáspora africana” foi marcada pela TORTURA, GANÂNCIA, CRUELDADE e AMBIÇÃO dos escravistas que, com monstruosidade, deixaram um rastro de sangue nas águas do atlântico, que desembarcam no desfile, seguidas da escravidão negra. Chegados ao Brasil, os ancestrais negros e negras que foram escravizados marcam um ponto de virada na construção da identidade brasileira: os rumos da História do Brasil são completamente definidos pelo encontro entre a AFRICANIDADE com a BRASILIDADE. É justamente nessa mescla marcada por lutas, resistências, cores, amores, sabores, suor, sangue, ritmos, escritas e falas, que são construídas as bases do que hoje chamamos de Brasil. Para salientar essa conexão, coração da Escola vem sendo reverenciado pelo encontro do nosso passado (África) com nosso presente (Brasil). O ritmo, sobretudo da percussão, está entre os elementos mais importantes das culturas Africanas e Afro-Brasileiras. O que seria de uma Escola de Samba sem o RITMO? Haveria Carnaval sem percussão? Haveria folia sem o arrepio das baterias? Com esse pensamento, nossa Mestre Caçarola faz uma reverência à divindade Africana e Afro-Brasileira que, ao som dos tambores, consagra a humanidade e concede bênçãos aos necessitados. Trazendo para a avenida os Ogans de Xangô, homenageamos o poderoso Rei do Tambor. Como forma de completar a homenagem, são convocadas a abrilhantarem o desfile, também, suas três esposas: Obá, Oxum e Oyá. Se o assunto é o ritmo da negritude, dois pontos não podem faltar na História que estamos aqui narrando: O ritmo vindo da Bahia, simbolizado por uma homenagem ao Olodum, e a malemolência do bom samba, representado pelas donas e donos do samba no pé, que chegarão na Gogóia esbanjando a malandragem que só a boemia tem. Ainda dentro do bloco do samba, impossível não falar em um dos locais mais icônicos da identidade negra brasileira: a PEDRA DO SAL, localizada na região chamada de Pequena África, no Rio de Janeiro. Quando se fala de raízes Afro-Brasileiras, outro ponto que salta em nossa História é a culinária. Dono dos melhores sabores, o povo negro brasileiro é responsável pela fama da cozinha brasileira: uma das melhores do mundo, marcada por um colorido sem igual. Pratos e bebidas de criação negra, assim como uma homenagem às doçuras afro-brasileiras que encantam os “Ibejis” da nossa comunidade serão trazidos para essa noite de encontros ancestrais.E como falar das Áfricas que nos habitam sem falar na NOSSA UMBANDA? Sim, NOSSA! A Umbanda é uma religião Brasileira, formada por elementos de matriz africana, aliados aos fundamentos indígenas, espiritualistas e cristãos. Assim, as ervas da Umbanda chegam na avenida purificar e pedir bênçãos para nossa passagem.Bem... se o tema envolve negritude, então, o tema fala, necessariamente, de resistência. E qual é o maior símbolo de resistência preta do Brasil? O quilombo! Para mostrar que o oposto da “casa grande” não é a senzala, e sim, o QUILOMBO, a Embaixadores do Ritmo traz Dandara e Zumbi dos Palmares para a avenida. E mais do que isso: a Embaixada entende que Palmares está vivo. As populações negras brasileiras atualizam e quilombos diariamente. Palmares vem, portanto, seguido daquilo que entendemos como formas de resistência negra contemporânea: a Universidade é quilombo; a Intelectualidade Negra é Quilombo; a Arte negra é Quilombo; o Samba é Quilombo, e, por fim, A ESCOLA DO POVÃO é QUILOMBO! Chegamos ao final do nosso desfile conscientes de que o caminho da luta antirracista e das resistências não é fácil. As múltiplas formas de racismo e discriminação que marcam as existências negras não ficaram no passado. Algumas sementes de “casa grande” ainda tentam brotar. Porém, o que esquecem é que o solo brasileiro tem RAÍZES profundas, RAÍZES que sabem de onde vieram; RAÍZES que buscam nutrientes na força da ancestralidade africanista, e nela, encontram a capacidade de derrotar, sambando, toda a forma de opressão. Encerrando o desfile com reverência a Xangô, Orixá da Justiça, finalizamos nossa passagem pela passarela do samba mostrando que aqui, o samba e a luta não podem parar!
Carnavalesco: Mateus TeixeiraAutoria de texto e enredo: Carolina Siqueira