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Educação / Aprendizagem
Por uma negra doutora: ajude a continuar estudando na PUC!
ID: 4989281
São Paulo / São Paulo
Por uma negra doutora: ajude a continuar estudando na PUC!
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Vaquinha criada em: 29/07/2024

Fui selecionada para a única vaga de doutorado no processo seletivo do núcleo de pesquisa Subjetividade da PUC-SP. Assim, esta vaquinha está sendo criada para ajudar a pagar as mensalidades do doutorado nessa universidade. 

 

Meu cenário financeiro

Infelizmente, o meu ganho total das duas fontes de renda que tenho (professora e psicóloga clínica) não abarcam nem 1% do valor da mensalidade e minha família não pode me auxiliar, pois são de uma classe social pouco abastada (meu pai é aposentado e tem suas finanças todas voltadas para a recuperação de sua saúde devido a um AVC recente e minha mãe é caixa de supermercado, seu salário mal paga suas próprias necessidades mensais). 

 

Por que a PUC-SP e não uma Federal que é gratuita?

É nessa universidade que estão os professores-autores dos livros que estudei e me aprimorei durante a graduação em Psicologia. O que me motivou a me inscrever no processo seletivo do programa de pós-graduação em Psicologia Clínica - núcleo de pesquisa Subjetividade - foi me imaginar podendo estudar semanalmente com esses professores e, ainda, um deles orientar minha pesquisa. Além disso, o que julgo ser o motivo mais importante está no fato de ser o núcleo de pesquisa que mais estuda a fundo o que desenvolvo como objeto de estudo. O fato de terem ofertado apenas uma única vaga este ano e eu ser selecionada para tal vaga torna tudo ainda mais forte de eu não abrir mão dessa seleção. Ou seja, eles me querem tanto quanto eu os quero. Mas, infelizmente, só falta o dinheiro para tornar isso possível e vivível. 

 

Sobre a pesquisa selecionada e que será desenvolvida

A pesquisa busca alargar a noção/execução do que chamamos de produtividade na comunidade científica, pois na pós-graduação é notória a corrida pela produtividade por mercadorias-artigos, mercadorias-patentes e mercadorias-eventos, devido aos critérios de avaliação da CAPES, que priorizam o registro de patentes e a publicação de artigos em revistas indexadas para classificarem a "qualidade" dos programas de pesquisa. Com isso, percebo que  somente se reconhece como produtividade aquilo que pode ser quantificado, produzindo, assim, pós-graduandos-exaustos-e-correndo-e-dopados.

Num estudo* realizado com 2.903 estudantes de pós-graduação stricto sensu de todas as regiões do Brasil atestaram que 74% destes consideravam  sofrer  com ansiedade,  31% com insônia  e  25%  afirmaram sofrer de depressão; 19%  dos  estudantes  tomavam  algum  tipo  de medicamento para auxiliar o sono e 27% faziam tratamento com medicação psicotrópica.

Diante desse cenário, a pesquisa que quero desenvolver busca conceber/reconhecer a importância de se entender a produtividade para além da quantidade de trabalhos escritos feitos pelos acadêmicos, mas também suas danças com as memórias e saberes que atravessam sua experiência no corpo enquanto pesquisam: as técnicas que aprendem que não podem ser escritas como suas paradas, descansos e lazeres. Assim, proponho que um resgate da dimensão sensível do corpo no trabalho de pesquisar com a intenção disso poder ser considerado e divulgado como produção científica e isto é um desafio no cenário Moderno/Colonial em que estamos inseridos. Mas, com o desenvolvimento da pesquisa, poderemos abrir caminho para isso e começarmos a priorizar nossa qualidade de vida com a defesa de uma tese de doutorado sendo uma das vozes do atual coro por melhorias na saúde mental. 

Em  suma, busco defender que na academia há conhecimentos que precisam ser dançados, assistidos, e não apenas lidos e escritos para que os pós-graduandos fiquem menos exaustos ao reconhecer uma produtividade acadêmica para além da produção textual.

*GARCIA DA COSTA, Everton; NEBEL, Letícia. O quanto vale a dor? Estudo sobre a saúde mental de estudantes de pós-graduação no Brasil. Polis,  Santiago ,  v. 17, n. 50, p. 207-227,  Aug.  2018.

 

Sobre a mensalidade e valor da vaquinha

A mensalidade está R$ 4.984,00, com vencimento todo dia 5 de cada mês. A primeira foi paga em julho com ajuda de alguns familiares para efetivar a matrícula. Agora, a próxima já está prevista para o dia 05 de agosto de 2024. O valor de teto atribuído nesta vaquinha é considerando o total de mensalidades de todo o doutorado, para que não se tenha que ficar abrindo vaquinha todo mês uma vez que tal conclusão de valor já é colocada como realidade a ser alcançada ao longo do doutorado. 

 

Por que contribuir?

Sou uma mulher negra e periférica - natural de Vitória-ES - que há três anos vem elaborando esse projeto de pesquisa. Esses recortes sociais - gênero, raça e classe - também estão sendo estudados na pesquisa, uma vez que o corpo de uma mulher negra, pobre e acadêmica sabe o que é estar cansada nessa lógica moedora de gente de produtividade exacerbada e com pouquíssimo retorno financeiro a essa categoria de trabalho. 

Ser professora de psicologia, ou seja, estar constantemente em contato direto com a vida acadêmica e seus desafios, me permite trazer com propriedade a angústia que é adentrar e permanecer nesses espaços de saber e produção de conhecimento desenhado para poucos - brancos e ricos. 

Felizmente-infelizmente, decidi trilhar o caminho acadêmico, dos estudos, mesmo não sendo compatível com o que desenharam para mim e os demais de onde venho. Entretanto, com ajuda de minha família e amigos não nos entregamos ao capitalismo e o vencemos ao me tornar bacharel em psicologia numa universidade federal, mestra em Psicologia Institucional também por uma universidade federal e hoje professora de psicologia e psicóloga clínica; e não foi fácil sustentar tais caminhos - tenho certeza que tantos outros  de classe baixa compreendem e sabem a luta constante que é entrar e permanecer e se formar numa universidade, seja ela pública ou privada. 

Somos a prova viva de que mesmo que a gente se esforce, se não tivermos dinheiro não existe sonho, plano, projeto de vida que se torne realidade. Assim, declaro que tudo o que dependia do meu esforço foi feito com muito louvor e aprovação. Assim, para que eu não me coloque vencida pelo capitalismo - mais uma vez -  conto com seu apoio para me ajudar a trilhar pelo doutorado para tornar a vida de outros corpos cansados mais alegres, potentes, ativos, ao ter uma tese de doutorado que apoia o descanso, o sensível do corpo, a arte, o quantitativo junto com o qualitativo como nossa melhor produtividade humana em nossos labores.

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