Prótese do Assis

Booom diiaaa!Booooa taaardeee!Booooa noiteeee!(É com essa entonação e entusiasmo que gosto de tratar todos que estão ao meu redor)

Meu nome é Assis Rodrigues, tenho 44 anos e há mais de 20 anos trabalho no ramo de gastronomia. Já passei por funções como caixa, cumim (auxiliar do garçom), consultor gastronômico, maitre e gerente. Ufa! Foram tantos cargos e diferentes experiências que hoje tenho a certeza que amo o que faço. Meu sorriso e alegria são os diferenciais para cativar a equipe que trabalho e os clientes que atendo. Na realidade não tenho clientes, eu faço amigos!

Como a vida nos traz surpresas, as vezes não tão boas, em julho deste ano fui uma vítima do COVID.

Logo quando os casos da doença começaram a aumentar no interior do estado, fui buscar meu pai que estava com alguns sintomas. Acompanhei toda trajetória dele até uma internação em um hospital da capital, mas, infelizmente, o contato direto com o vírus (Sim, o problema dele também foi COVID) fez com que o adquirisse.

A doença evolui rápido em mim, cada dia mais forte e severa, até que percebi o ar faltando aos poucos. Depois de algumas idas ao hospital, dia 10 de julho fui internado com urgência.

No total, foram 40 dias de internação. Passei por UTI, utilizei máscaras de oxigênio, fiquei longe da família, do trabalho, dos amigos e, lamentavelmente, durante a minha internação perdi meu pai. Uma dor enorme, enfrentar o luto em meio ao processo que estava passando. Porém não desanimei um só dia! Cada pequena conquista era por mim celebrada como se fosse única e assim sigo todos os dias.

Durante minha internação tive uma forte trombose. Passei por um procedimento cirúrgico para limpeza dos trombos e, aparentemente, tudo ficou bem. Porém, no dia seguinte foi constatado pela equipe médica que na região do pé estava novamente obstruído.

Fiquei em observação e com 12 dias de medicação foi feito uma ANGIOPLASTIA, onde foi possível detectar que não houve reversão do caso. Pelo contrário, o trombo aumentou subindo para panturrilha, joelho, até que tive um diagnóstico cujos médicos me deram duas opções:

1) Realizar uma nova cirurgia para “salvar” minha perna direita. Seria um procedimento de alta complexidade e que poderia correr risco de morrer, tendo em vista a possibilidade de coagular o sangue e interferir em outras áreas do corpo.

2) Amputar a perna direita.

Eu escolhi viver, optei pela amputação! Hoje, estou sem minha perna direita, mas com energias renovadas para reconstruir todo sentido da minha vida.

Iniciei os tratamentos pós operatórios com fisioterapia e todo suporte médico que poderia ter, mas para voltar a trabalhar como antes, em um setor que é a minha grande paixão, preciso de uma prótese e, infelizmente, não tenho condições de arcar sozinho com os custos que são elevadíssimos.

A razão da minha vaquinha é única: Continuar minha jornada de onde “parei”, continuar mais forte, mais positivo e levar toda boa energia de volta para minha equipe e para os meus amigos, os meus clientes.

Assis Rodrigues