Castrando gatos de rua em São Paulo

A realidade dos animais de rua no Brasil é assustadora. Não existe uma estatística oficial sobre o assunto, entretanto estima-se que existam milhões vivendo à margem da sociedade. Ainda que hoje a adoção de animais seja muito trabalhada por ONGs, abrigos e protetores, não há lares para todos.

Nós tivemos uma visão do que essas estimativas realmente significam em outubro de 2016, ao tomarmos conhecimento de uma colônia de gatos no Centro de São Paulo. Ficamos sabendo a história da colônia: dois gatos foram trazidos ao local para conter a população de ratos nos prédios comerciais do Centro e em apenas um ano e meio, esses dois gatos se reproduziram e se tornaram entre 150 e 200.Esses animais eram ariscos, não confiavam em pessoas. Viviam em segurança no alto dos prédios, eram alimentados por pessoas de bom coração e esse ambiente confortável foi um prato cheio para a reprodução desenfreada. Qual é a solução para uma situação que saiu de controle? Estudamos meticulosamente nossas opções para ajudar esses animais e entendemos que não era o caso de encaminhá-los para adoção por várias razões.

Primeiro, não há lares para todos. Segundo, cada animal retirado de uma colônia (onde está seguro e alimentado) e encaminhado para um lar tira a chance de adoção de um animal que está nas ruas, correndo riscos. Terceiro, muitas vezes esses animais são ariscos ou até ferais (animais sem nenhuma socialização, que retornaram a seu estado selvagem), o que inviabiliza sua adoção devido ao longo tempo para sua reabilitação sem nenhuma garantia de sucesso. E por último, depois que um ambiente de colônia é estabelecido, retirar os animais de lá não resolve o problema. Outros animais errantes que perambulam pelo local “tomarão posse” da colônia e iniciarão um novo ciclo de reprodução, que é justamente o que se pretende evitar.

E é aí que entra o método CED. Trata-se de uma técnica praticada em diversos países desenvolvidos para controle populacional de gatos que vivem em colônias. No Brasil, algumas ONGs vêm praticando CED há vários anos, com resultados muito positivos. Trata-se da captura destes gatos ferais por meio de armadilhas, especialistas em captura ou, nos casos mais fáceis, com a aproximação gradativa por meio de alimentação constante. Os gatos são então encaminhados para a castração com técnicas pouco invasivas, são medicados com fármacos de longa duração e posteriormente soltos de volta na colônia, com o mínimo de interação possível com humanos, para que não percam sua capacidade de defesa.

Utilizando essa técnica, conseguimos com muita dedicação castrar todos os animais da colônia do Centro em apenas 4 meses. Entretanto, todos os dias recebemos informações de novos locais onde há concentração de gatos de rua procriando e queremos aproveitar a experiência adquirida com os gatinhos do Centro para ajudar mais e mais animais. Nossa meta é alta mas nossa disposição em ajudar esses animais, também. Contamos com você para fazer mais por eles!

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