“Todos dizem: ‘Fiquem em suas casas’, ‘Lavem as mãos de duas em duas horas’, ‘Usem álcool gel’, mas onde é a casa do morador de rua? Como é que ele vai fazer a higiene recomendada se ainda tem dificuldade de acesso à água potável e à alimentação? Algumas pessoas estão de quarentena, outras trabalhando em seus lares, mas as pessoas que estão debaixo dos viadutos, nas ruas e praças não tem como se proteger”. Padre Julio Lancelloti
Essa vakinha é para comprar alimentos, água potável e materiais básicos de higiene para a população em situação de rua. O Julio Lancelloti, padre há mais de 34 anos, é coordenador da Pastoral Povo da Rua e possui forte atuação em defesa das pessoas marginalizadas, especialmente na região centro-leste da capital paulista, onde fica sua comunidade. Por seu “ativismo” nos direitos humanos, o padre sofre constantemente ameaças da polícia e ataques nas redes sociais.
A cidade de São Paulo tem, segundo o último Censo, mais de 24 mil pessoas morando nas ruas. Desse total, 17% está na faixa etária de maior vulnerabilidade e mais de 50% não está em centros de acolhida, e algumas possuem doenças crônicas ou pré-existentes, como a tuberculose. O que será dessa população e de toda a cidade durante a pandemia do coronavírus?