
Buscamos com está vaquinha arrecadação de fundos para reforma da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, localizada na Comunidade Quilombola do Engenho da Ponte na cidade de Cachoeira, Bahia.
Está igreja reuni a história de fé, devoção e pertencimento da formação do quilombo do Engenho da Ponte, está igreja uni a tradição de fé entre o candomblé e os santos católicos. A formação estética desta igreja atualmente encontra-se em estado de degradação, sendo restaurada pela iniciativa de lideranças comunitárias que resolvem criar está vaquinha online.
Esta devoção inicia com a HISTORIA DA IGREJA- A CONFORMAÇÃO DA DEVOÇÃO A OMOLÚ E A FESTA DE SÃO ROQUE.
A Festa de São Roque é um desses momentos que acontecem na comunidade do Engenho da Ponte. A própria origem da festa remete a acontecimentos que marcaram profundamente a comunidade do Engenho da Ponte, decorrente de atos de devoção relacionados a surtos de varíola, sarampo e catapora ainda no início do século XX. Nesta comunidade existe um pé de gameleira e um poço de água curativa, local conhecido pelo nome de “Pé do Velho”, onde os negros escravizados se reuniam para fazer suas rezas, oferendas e outras obrigações rituais. Como é sabido, desde o Brasil colonial as expressões religiosas de matriz africanas se mantinham em segredo como estratégia de resistência à imposição do catolicismo dos Senhores de Engenho. Muitas festas, narrativas e histórias sincretizam os arquétipos do santo católico (São Roque) com os orixás (no caso, Omolu, orixá da doença, e Nanã, orixás conhecidos como “os velhos”).
Contam os moradores do Engenho da Ponte que todo mês de agosto aparecia um velho descalço andando lentamente pela comunidade com um saco de linhagem, uma cabaça na costa e uma cuia na mão pedindo esmola nas casas. A grande mortandade de crianças e adultos provocada pelas epidemias fizeram com que as pessoas desse lugar reconhecessem naquele velho um sinal da devoção ao velho orixá, Omolu, sincretizado com São Roque. Os moradores se reuniram, então, ao “Pé do Velho” e fizeram uma promessa a São Roque, pedindo para pôr fim à mortandade e prometendo a realização da festa em seu louvor.
Nessa época a dona da fazenda era Elvira Novis, católica, muito devota de Nossa Senhora da Conceição, promotora dos festejos à santa no dia 8 de dezembro, na capela da localidade. Foi ela quem adquiriu, em Salvador, a imagem de São Roque e entregou para comunidade, ajudando, assim, a promover a devoção comunitária ao santo. Anos depois, em decorrência das dificuldades de realização da festa no mês de agosto (época chuvosa e o solo de massapê dificultavam a locomoção), a festa passou a ser realizada no mês de fevereiro, com a “anuência” de São Roque.
Embora seja a festa mais antiga das comunidades quilombolas, durante os anos de 1990 e 2000 ela não aconteceu, vindo a ser resgatada em 2009 por iniciativa dos moradores do Engenho da Ponte, estimulados pela então nascente organização do Conselho Quilombola. Foi durante um Encontro de Mestres e Aprendizes Griôs do “Projeto Bagagem”, realizado em Lençóis (BA), em 2008, que Juvani Viana, mãe-de-santo e Mestre Griô da comunidade do Kaonge sentiu-se inspirada para determinar a revitalização da Festa de São Roque por meio da “Esmola Cantada”. Como conta Dona Juvani, a inspiração procedeu de um sonho no qual se fez clara para ela a importância de não deixar a festa extinguir-se. A retomada da devoção a São Roque se apresenta, assim, no âmago das religiões afro-brasileiras que se apoiam tradicionalmente em revelações oníricas para estabelecer suas injunções.
A Festa de São Roque se inicia bem antes da sua celebração principal, comportando os eventos preparatórios da “esmola cantada”, que se sucedem por quatro domingos do mês de janeiro. Para a arrecadação dos fundos para a realização da festa principal, em cada domingo a comunidade do Engenho da Ponte percorre um trajeto específico louvando e “encantando” São Roque com contos cantados.
Uma grande comitiva se organiza com tocadores de cavaquinho, pandeiro e tambor (rebolo), além dos rezadores e cantadores. Crianças, jovens, adultos e idosos saem da casa do tesoureiro (o dono da “bandeira” de São Roque, organizador da festa) e percorrem a pé longas distâncias entre as comunidades, sendo recebidos de porta em porta nas casas na comunidade visitada, onde é feito o peditório. Ao final de cada domingo, a comitiva volta a se reunir na casa do tesoureiro da comunidade do Engenho da Ponte para encerrar as atividades do dia. Os trajetos percorridos pela comitiva variam nas distâncias. No primeiro domingo, a comitiva percorre o trajeto que vai do Engenho da Ponte ao Engenho da Praia (comunidade próxima). No segundo domingo, o trajeto é bem maior, compreendendo o Engenho da Ponte, Kalembá, Kaonge, Dendê e a Capela da localidade de Campina. No terceiro domingo, uma parte do percurso deve ser feita de ônibus, pois as comunidades visitadas são bem distantes: Engenho da Ponte, Engenho Novo e Opalma. Por fim, no último domingo, o trajeto compreende o Engenho da Ponte e Santiago do Iguape.
Depois dos vários domingos de “esmola cantada”, a festa acontece num final de semana do mês de fevereiro. No sábado à noite dá-se início aos festejos com a apresentação de vários grupos musicais (de samba de roda, dentre outros estilos musicais), danças, venda de comidas típicas. No intervalo do baile dançante, pode-se também participar do leilão que é realizado para arrecadação de fundos. No domingo pela manhã tem lugar a missa solene, com o padre especialmente convidado para a ocasião. Após a missa segue o grande almoço oferecido a todos os participantes, que atualmente conta com cerca de trezentos participantes de várias comunidades. Ressaltamos aqui a importância da rede de solidariedade que possibilita a arrumação e decoração da igreja, o receptivo para a refeição e a organização da procissão em seguida ao almoço.
À tarde, é a vez da procissão sair, quando as imagens de Nossa Senhora da Conceição e de São Roque são levadas em seus andores pelo percurso tradicional que atravessa toda a comunidade. As rezadeiras da procissão vão à frente do cortejo puxando as rezas próprias desta celebração. É importante enfatizar que o patrimônio imaterial constituído pelos cantos, sonoridades, ritmos e orações constitui parte fundamental desses momentos solenes.
Podemos então, neste breve descrição compreender a importância da representação de fé, de identidade e devoção que está igreja representa para a construção da religiosidade que uni a força do candomblé e dos santos católicos no quilombo, neste momento as lideranças adjuntas ao Conselho Quilombola da Bacia e Vale do Iguape, bem como toda comunidade pedem sua doação para reforma deste patrimônio histórico.
QUE OMOLÚ PROTEJA E TRAGA SAÚDE A HUMANIDADE.