
“Não imaginei que um dia precisaria vir a público me pronunciar sobre uma tentativa de feminicídio. Na manhã do domingo (dia 31/03) eu fui violenta e covardemente agredida pelo meu ex companheiro. Estávamos separados há 15 dias quando isso aconteceu. Foram socos, chutes, golpes repetidos na cabeça e no rosto, até que consegui correr para o banheiro, quando ele foi a cozinha dizendo que me mataria naquele momento e, apesar de todos os socos dados na porta e do quarto completamente destruído, por alguns momentos fiquei segura lá, foi então que o pai dele chegou, e mais uma vez foi absurdamente agredida por humilhações verbais de ambos. Ele gritou pra quem quisesse ouvir, por repetidas vezes: “Eu vou matar essa vagabunda!”. Tive o tímpano perfurado, e outras lesões constatadas no exame físico durante a passagem pelo Hospital Ferreira Machado, tive meus pertences pessoais (celular, relógio, roupas, calçados) destruídos e jogados por ele na lixeira do prédio, material esse que foi recolhido pela polícia e devolvido para mim como prova. Neste momento, não posso descrever e agradecer a quantidade de pessoas conhecidas e desconhecidas que vêm me prestando apoio psicológico, emocional e jurídico. E ainda assim, em meio a um crime absurdo cometido, há pessoas coniventes tentando desmerecer o ocorrido, divulgando mentiras sobre mim e sobre a situação que estou passando. Notícias essas também divulgadas por veículos de comunicação conhecidos na cidade, desmentindo o diagnóstico que recebi, que foi relatado em documento oficial do Hospital. Muitas pessoas o conhecem, sabem do seu histórico como uma pessoa agressiva, explosiva e extremamente ciumenta e abusiva; e, principalmente, sabem que não foi a primeira nem a segunda vez que isso aconteceu. Tenho inúmeras testemunhas de tudo o que já aconteceu comigo, desde o início do relacionamento. Em junho do ano passado, fui também agredida por ele. Os vizinhos chamaram a polícia, os policiais bateram no meu apartamento e constataram a agressão, tive que acompanhá-los a delegacia, prestei depoimento, mas não dei queixa, por medo, insegurança, incerteza e por “amor”. Erro meu... Desta vez, não bastasse toda a humilhação que eu passei até conseguir receber ajuda da minha família e dos policiais militares, o atendimento prestado pela Delegacia da Mulher (DEAM) foi o pior possível. Além de eu ter sido tratada com muito desprezo, e ter passado por uma perícia esdrúxula e superficial no IML, apenas me disseram que eu deveria procurar um hospital para ser atendida por um Otorrino. Alegaram que houveram apenas lesões leves e, mesmo ele tendo sido preso em flagrante, na cena do crime, pagou uma fiança ridícula no valor de R$ 1.000,00 e foi solto três horas depois. Tenho todos os documentos e protocolos necessários sobre o caso, tanto os legais quanto o laudo médico do Otorrinolaringologista do Hospital Ferreira Machado onde constata a minha lesão no tímpano que É SIM GRAVE E PODE SER IRREVERSÍVEL. EU TALVEZ NUNCA MAIS VOLTE A ESCUTAR DO LADO ESQUERDO. VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER É CRIME, CALÚNIA E DIFAMAÇÃO TAMBÉM. Todas as medidas legais estão sendo tomadas e agora eu vou até o fim.”