
Eu me chamo Bárbara, tenho 28 anos, e vim contar um pouquinho da minha história aqui.Nasci em um bairro carente de Vila Velha (similar ao São Geraldo daqui de Pouso Alegre). Minha mãe foi embora assim que nasci, fui criada por alguns anos pelo meu pai. Foi aí então que eu e outras crianças do bairro fomos resgatados por um projeto extremamente social de judô da região, o qual tive todo suporte, apoio e passei a dormir no tatame por e também realizar minhas refeições lá. O judô passou a ser tudo que eu tinha. Me deu esperança de mudar o meu destino e lutar por uma vida diferente da que meus pais tiveram. Entretanto, eu sempre, SEMPRE fui uma criança que dizia que queria ser médica. Bom, e todos obviamente sempre riam de mim. Tive apoio da minha avó paterna, que ela foi quem me acolheu, cuidou, me deu casa, comida e escola durante muitos anos. Meu pai se tornou morador de rua e eu tentava, com o meu pequeno salário, dar suporte a ele da forma que conseguia. O visitava embaixo das pontes e em cracolândias, ainda na adolescência. Porém, ele acabou vindo a falecer, ainda em situação de rua, e acabei não tendo oportunidade de me despedir dele. Fui crescendo como atleta de judô, competindo, viajando, representando o ES e até mesmo o Brasil em competições internacionais. Mas nunca perdi o sonho da medicina de dentro de mim. Minha avó foi diagnosticada com alzheimer e passou a ficar aos cuidados de uma tia, irmã mais velha do meu pai. E eu trabalhei desde os 15 anos dando aulas de judô para conseguir terminar os estudos e poder tentar o tão sonhado vestibular pra medicina. Não passei, e continuei estudando, trabalhando e seguindo com o judô. Fiz 2 anos de cursinho pré vestibular, trabalhando o dia todo, para pagar aluguel, água, luz, internet e a mensalidade do cursinho. Não me sobrava nada. Não tive apoio de ninguém da minha família. Eu que, quando sobrava algo, acaba mandando para ajudar nas despesas com as medicações da minha avó.Quando apareceu a oportunidade do concurso do bombeiro de Minas Gerais, alguns amigos me incentivaram a fazer, pois o salário daqui de MG é melhor que do ES, e a escala de serviço me possibilitaria continuar estudando para realizar o sonho da medicina. Foi aí então que eu pus uma mochila nas costas e fui embora pra BH para correr atrás dessa oportunidade. Passei no concurso e entrei para a corporação.Me formei no curso de formação do Corpo de Bombeiros em dezembro. E em janeiro já estava novamente matriculada no cursinho pré vestibular, dessa vez aqui em Pouso Alegre.Eu sabia que estudar para passar num federal não seria tarefa fácil, pois eu não tinha tido base nenhuma, estudei em escolas fracas e fiz cursinho sempre trabalhando. Então, apesar de estar sempre evoluindo, ainda não estava muito perto da nota que me possibilitaria ingressar. Depois de mais 2 anos de cursinho, aqui em Pouso Alegre, comecei a tentar provas para algumas faculdades particulares, sendo aprovada em todas que tentei: Unifae, PUC Poços e Univás.Nunca tive apoio familiar, estrutura e incentivo. Mas nunca desisti daquilo que sempre ardeu dentro de mim. E corri a vida toda atrás do sonho de infância do qual todos riam: família, amigos, colegas de treino. Hoje estou no 3° ano da medicina da Univás, e vivenciando enormes problemas financeiros para continuar meu curso. Mas sigo sem desistir!
Consegui um financiamento através de uma professora que se dispôs a me ajudar, mas ainda assim, fica um valor mensal muito alto para que eu consiga pagar sozinha.
Dessa forma, peço que contribuam da forma que puderem para me ajudar a continuar realizando o sonho de me tornar médica!
Obrigada!