
Ajuda aos Sisaleiros que passaram no Programa Repórter Record Investigação, no dia 06 de agosto de 2020.
No semiárido nordestino o trabalho desumano de adultos e crianças nas lavouras de sisal — matéria-prima para produção de cordas, chapéus e tapetes
Eles trabalham sem descanso até a exaustão para ganhar metade de um salário mínimo por mês. Muitos contam com a ajuda dos filhos pequenos para completar a renda da família e escapar da miséria. Outros vivem como nômades, de cidade em cidade, em busca da sobrevivência.
São trabalhadores que se arriscam nas plantações de sisal no semiárido nordestino. O sisal é uma planta em que se usa a fibra das folhas na produção de cordas, bolsas, chapéus e tapetes.
Miga começou a trabalhar nos campos de sisal com apenas sete anos. Virou cevador aos 14. Cevador é o responsável pela máquina que separa a fibra do resto da planta, depois de colhida.
"Trabalho mais de 12 horas por dia. Eu acho que é escravidão, eu me sinto escravizado", desabafa.
Cevadores como Miga podem sofrer acidentes graves ao operar o motor. Foi o que aconteceu com seu Jailton e seu Diodato. Os dois tiveram as mãos decepadas pela máquina.
"Eu tinha 15 anos quando a máquina cortou meu braço", conta seu Diodato. Aos 43 anos, seu Jailton ainda trabalha mesmo após ter perdido a mão esquerda ao manusear o motor. Agora, ele é resideiro — limpa as sobras da planta.
As crianças também carregam um fardo pesado nos campos de sisal. Os pais são obrigados a levar os filhos para as plantações porque precisam aumentar a renda da família no final do mês.
"Recolho todas as folhas cortadas pela minha mãe, depois levo a carga para o jegue", conta a jovem de 13 anos.