A vida após o vício em jogos

Meu nome é Érica e atualmente estou com 32 anos, eu sempre fui uma filha exemplar e uma pessoa que não media esforços para ajudar as pessoas. E por muitos anos da minha vida, eu me doei demais por todos a minha volta, família, relacionamento e trabalho. 

Tenho um quadro depressivo desde meus 11 anos de idade, desde que senti o luto pela primeira vez quando perdi meu pai. 

Por ser filha única, sempre quis ser motivo de orgulho para minha família, então adquiri muitas responsabilidades desde cedo. Trabalho desde os meus 14 anos e sempre me orgulhei muito disso.

De 2 anos pra cá, enfrentei mais um luto e isso me afeta até hoje. Infelizmente me envolvi com jogos de azar como uma válvula de escape do mundo real. 

Pelo fato de ter crescido sem pai, eu sempre busquei refúgio em relacionamentos abusivos e aceitava migalhas de amor, isso me afetou tanto que eu me acostumei a aceitar os piores tratamentos em troca de raros momentos bons.

Eu tenho dificuldade, aliás, sempre tive em desabafar e pedir ajuda. Pois cresci com a mentalidade de ser impecável em tudo.  Isso né gerou muita frustração. 

Na minha cabeça as apostas seriam uma fonte de lucro e isso poderia me dar fôlego financeiro pra ajudar minha mãe que é idosa e tem uma série de problemas de saúde. Eu também acreditava que poderia tirar a sorte grande e ganhar um dinheirinho pra poder voltar pra faculdade e comprar minhas coisinhas.

O que eu não esperava era ficar tão viciada a ponto de sujar o meu nome e o nome da minha mãe. Hoje ela sabe da minha condição atual e eu me sinto extremamente culpada. Não temos mais acesso a crédito, nosso plano de saúde foi cancelado e temos dívidas absurdas em cartões de crédito e empréstimos bancários. 

Até pouco tempo atrás eu só queria morrer e pensava em mil formas de acabar com todo esse sofrimento. Parece que nada fazia sentido na minha vida.

Me apeguei muito a Deus e hoje meu maior sonho é ser o orgulho da minha mãe e poder dar condições dignas pra ela. E sei que Deus não falha em momento algum. 

Eu estou no fundo do poço, mas existe um único caminho, que é subir pra superfície e ir atrás da tal luz no fim do túnel. 

Eu quero e preciso recuperar minha vida, voltar a estudar e quitar essas dívidas. Eu trabalho mas o que ganho mal supre minhas necessidades básicas e me sinto um peso enorme por não poder ajudar em casa. 

Tô em completo desespero. 

Por favor, me ajudem a voltar a sorrir e trazer alegria pra dentro da minha casa novamente.