Vamos divulgar os saberes tradicionais da Comunidade do Moinho
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O Povoado do Moinho fica situado no fundo de um vale, circundado por rios e duas cachoeiras exuberantes, formada por poucas ruas, casas simples e vários jardins floridos. Os registros históricos contam que essa comunidade foi formada no final do século XIX a partir da doação de alguns lotes das Fazendas do Bomsucesso e Moinho a alguns de seus trabalhadores escravizados. Como um quilombo rural, a comunidade sobreviveu a partir do cultivo da terra em pequenos roçados, do desenvolvimento de um saber aprofundado sobre as plantas medicinais do cerrado goiano e da preservação da vegetação, das suas sementes e dos rios que circundam a comunidade. Os saberes do Moinho são reconhecidos internacionalmente, principalmente pela fama de uma de suas moradoras, que é parteira e raizeira, Dona Flor. Ao lado dela e das suas garrafadas medicinais, outras moradoras produzem vinho de amora, vinho de jabuticaba, geleias de frutos do cerrado e de outras frutas cultivas nos quintais, pães caseiros, entre outros. Os sabores e saberes do Moinho demonstram que estas pessoas possuem um enorme conhecimento encarnado nas suas práticas, saberes ancestrais desenvolvidos conectados ao bioma do cerrado. Apesar de todo este conhecimento, esta comunidade sofre historicamente com a dificuldade de acesso a educação formal. Os moradores mais antigos estudaram poucos anos devido às inúmeras dificuldades para poder frequentar a escola e terminar seus estudos. E deste modo, a EJA (educação de Jovens e Adultos) é um sonho desta comunidade. Desde 2018, o IPEARTES \SEDUC vem oferecendo em parceria com a prefeitura do Alto Paraíso e a escola do Moinho, turmas de EJA e cursos livres para a comunidade. O EJA é uma oportunidade destas pessoas realizerem seus sonhos. Saber ler e escrever com destreza é uma habilidade que abre novas portas de trabalho e horizontes para uma comunidade que sobrevive de subempregos na cidade ou nas fazendas ao redor. As reflexões sobre este trabalho, que continua sendo desenvolvido, foi selecionado para ser apresentado em um Congresso Internacional em Barcelona em junho de 2019. O V Congreso Internacional del Observatorio de la Alimentación y la Fundación Alícia (ODELA) tem como tema este ano discutir sobre os patrimônios alimentares, turismo e a sustentabilidade. Ao lado do acesso a educação formal o outro maior desejo da comunidade é desenvolver o turismo. Mas um turismo que respeite o modo de vida local, que ajude a preservar o cerrado e que gere lucro para os moradores tradicionais. Desejamos mostrar para o mundo as belezas e os saberes do Moinho. Não só para divulgar este Povoado, mas também para debater, refletir e conhecer outros casos de comunidades tradicionais que se abriram para o turismo e deste modo poder contribuir para que o Povoado do Moinho construa o seu modelo de turismo que seja bom para eles, para o cerrado e para o turista. Em um mundo em que as notícias que chegam aos nossos olhos e ouvidos são sempre catastróficas, temos poucos espaço para conhecer o que tem florescido ao lado disso. Esta é uma oportunidade de mostrar a importância da resiliência de um povo e das belezas que florescem ao lado das mazelas históricas. Para saber mais: