Era uma pequena cidade no interior, onde as estradas serpenteavam pelos campos e a vida seguia um ritmo lento e previsível. Gabriel, um jovem de 17 anos, passava as tardes em um velho computador, navegando por fóruns de carros e assistindo vídeos de corridas. Seu sonho tinha nome: Mazda Miata MX-3. Para ele, aquele pequeno conversível não era apenas um carro, mas a personificação da liberdade, algo que parecia tão distante da vida que levava.
Gabriel conheceu o Miata por acaso, em um vídeo de um canal americano que exaltava sua dirigibilidade e simplicidade. Desde aquele dia, ele colava fotos do carro em cada canto do quarto e anotava freneticamente os preços que via em anúncios usados. Ele sabia que precisava de 30 mil reais para comprar um, o que era quase uma fortuna para um garoto cuja família lutava para pagar as contas.
Seu pai, Joaquim, era pedreiro, e sua mãe, dona Vera, fazia faxinas para complementar a renda. Apesar das dificuldades, ambos apoiavam o filho em tudo que podiam, mas comprar um carro estava completamente fora de alcance. Gabriel sabia disso, então decidiu que lutaria sozinho pelo seu sonho.
Gabriel começou a fazer pequenos bicos na vizinhança. Lavava carros, cortava grama, ajudava a carregar compras no mercado e até vendia doces que ele mesmo fazia com a mãe. Mas o dinheiro vinha devagar, e os 30 mil pareciam uma miragem distante.